ENTREVISTA, PARTE II - O avançado confessa ter ficado "um bocadinho afetado", mas compreende a dificuldade de Fernando Santos na hora de escolher. Os números que tem por Portugal (16 golos em 37 jogos) dizem o resto.
Corpo do artigo
Com sete golos nas oito primeiras internacionalizações A, André Silva teve um impacto fortíssimo na Seleção. Estávamos em 2016, primeiro ano a tempo inteiro no plantel do FC Porto. Em 2018, no Mundial, começou a perder o estatuto de "par" de eleição de Cristiano Ronaldo e nunca mais o recuperou.
A lesão em Sevilha tirou-o da final four da Liga das Nações em 2019 e o Europeu 2021 será, ao que espera, o ponto de retorno. Se for convocado, algo que não sucedeu, por exemplo, em novembro, nos jogos decisivos de apuramento para a final four da Liga das Nações 2021.
Sente saudades da Seleção? Não foi chamado em novembro...
-Sim... A Seleção sempre foi um local onde me senti bem e feliz. Pelos meus números dá para perceber isso. Sempre foi um espaço muito bom para todos os jogadores. Sentimos todos falta de estar nesse espaço, mas neste momento estou em competição pelo Eintracht, a dedicar-me ao máximo aqui e quando for a altura da Seleção também darei o máximo.
Em novembro, na última convocatória, tinha seis golos em oito jogos. Percebeu que não tivesse sido convocado?
-[pensativo] Toda a gente tem de compreender, eu compreendo, sei como as coisas funcionam, tento fazer o meu melhor e a única coisa que consigo controlar e na qual me devo focar e sobre a qual me posso sentir bem ou mal é aquilo que eu consigo fazer. Só tenho que compreender. Não sou eu que decido, a Seleção tem muitos jogadores competentes, ao longo do tempo o grupo tem vindo a aumentar. O meu melhor para a Seleção também é evoluir a cada dia que passa e quando for possível estar lá no grupo para dar o meu melhor, vou estar sempre disponível.
"Sempre me senti bem e feliz na Seleção. Pelos meus números percebe-se"
E agora, perceberia que o seu nome não estivesse na próxima lista?
-As coisas são da mesma forma... Somos muitos a dar o melhor e a trabalhar para as respetivas equipas e, depois, Seleção. Todos ambicionámos, mas o que controlamos é apenas o que nós próprios fazemos. O resto foge de nós e temos que aceitar e lutar pelas ambições que temos.
Já disse que compreende, mas não explicou como se sentiu. Triste?
-Como já disse, tenho um pequeno caminho no futebol mas que me fez aprender muitas coisas. Uma delas é que podemos ficar tristes e contentes com o que não depende de nos, mas não faz sentido deixar-nos afundar por isso. Se não controlamos algo ou não podemos alterar, não nos podemos deixar afundar. Fiquei um bocadinho afetado, mas no final temos de pegar nas coisas menos boas e tirar coisas positivas.
As suas ambições, na Seleção, são ter o mesmo protagonismo que agora tem no Eintracht?
-Sim. Voltar à Seleção é sempre uma sensação boa e uma emoção forte. É objetivo meu, mas não depende apenas de mim. Isso só o meu trabalho. O resto, se acontece ou não, seguimos em frente, a vida continua.
Nenhum selecionador pode, nesta altura, juntar tantos golos como Fernando Santos consigo e com o Cristiano Ronaldo. São 38 até ao momento. Isso pode ser prometedor...
-Pode ser ... (risos)
Já falou com o Cristiano sobre isso ou até sobre o excelente momento de cada um?
-Não. Tenho boa relação com ele, mas temos vidas muito ocupadas, estamos em campeonatos diferentes. Costumamos mais relacionar-nos na Seleção.
Vê, em Portugal, algum ponta de lança com mais qualidade do que o André?
-[risos] Depois toda a gente nos chama arrogantes...
Também não há assim tantos. Há cada vez mais avançados do que antigamente, mas "9" claros nem tanto...
-Eu quando era miúdo também joguei a extremo. E, agora, tão depressa posso jogar com dois avançados como com um, tenho capacidade para as duas coisas...
13404015