André, ex-Sporting, acaba a carreira: "Não sou alcoólico. Agora, achar que eu vou ficar um ano dentro de casa..."
Atacante brasileiro jogou nos leões em 2016 e era conhecido como André Balada
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André Felipe, mais conhecido como André Balada por gostar da noite quando jogava no Brasil, terminou a carreira, aos 34 anos. André passou pelo Sporting em 2016 (15 jogos, três golos e duas assistências), e jogou ainda em clubes como Flamengo, Grémio, Santos, Corinthians, entre outros, somando quatro internacionalizações pelo Brasil.
A sua última partida foi a 11 de setembro, com a camisola do modesto Cabofriense. Não evitou a derrota, eliminação da sua equipa frente ao Olaria, e o fim de época e carreira antecipado. Continuará ligado à Cabofriense, como gestor e dono de 66% do clube.
A alcunha de André Balada surgiu quando se revelou uma fotografia sua a dormir numa discoteca, no Brasil, além de ir a festas com Neymar e Ronaldinho.
"Tinha planeado parar aos 30 anos, só que o meu pai não deixou. Cumpri o que tinha que cumprir. Acho que foi um pouco da rotina, um pouco de tudo, um pouco da vontade de ter uma vida normal. Acho que a vontade de ter uma vida normal, acabou por criar alguns problemas também em relação ao futebol, porque eu achava que era uma pessoa normal e não era, era uma pessoa pública. Fazia coisas de pessoas normais que pessoas públicas não podem fazer. Para mim não é reforma, acho que é uma transição de carreira. Estamos com um novo projeto na Cabofriense, que é o clube que me revelou, onde eu comecei. É o clube onde jogou a minha família inteira e agora conseguimos assumir a gestão do clube", começou por dizer, em entrevista ao Abre Aspas, do Globo Esporte.
"O André Balada é um personagem. É a personagem que criaram, é óbvio que eu gosto de sair, gosto de dar as minhas voltas, mas não tanto como as pessoas pensam. Não sou alcoólico, isso é o principal, porque as pessoas olham e falam. Mas acho que é isso, agora eu posso fazer algumas coisas que antes, a jogar, eu não podia. Mas quem trabalhou comigo sabe que eu sou altamente competitivo, altamente profissional, senão eu não sairia de Cabo Frio e chegaria onde cheguei. Agora também achar que eu vou ficar oito meses, um ano dentro de casa, trancado, é complicado. Acho que ninguém vive assim. Não tenho nenhum tipo de vício, no máximo é gostar de som alto. Mas não, não tenho nenhum tipo de vício. O que me incomoda é isso. Aquela foto ali foi... acho que foi dali para a frente que desandou tudo nessa questão. Mas, assim, acho que, acho que foi tudo como tinha que ser. Não me arrependo. Arrepender-me-ia se eu não tivesse feito as coisas que eu tinha vontade de fazer", comentou, a respeito da sua alcunha.
O que faltou para chegar a outros patamares na carreira? André responde: "Acho que, de certo modo, um pouco mais de maturidade, não é? Mas eu não me culpo, não me julgo por isso, acho que eu furei uma bolha muito cedo. Com 18 anos eu consegui estar no Santos, e para mim era uma realidade muito distante, eu sou de Cabo Frio, e você parar num clube na grandeza do Santos, assim, com 15, 16 anos, sair de casa, foi tudo muito difícil para mim. Então, não me julgo, não. Acho que foi tudo como tinha que ser, sinto-me totalmente realizado com o futebol. Na verdade, eu acho que realizei mais coisas do que imaginava e sonhava. Então, sou um tipo totalmente realizado e grato ao futebol."
André recordou ainda quando jogou no Santos, com Neymar e Ganso: "Acho que jogar com o Neymar, com o Ganso, é meio caminho andado. É só não fazer asneiras. Mas acho que foi um prazer enorme que, além de jogar com eles, jogámos na formação juntos, ficámos amigos, um olhava para o outro e víamos que estávamos a realizar o sonho de jogar na equipa profissional, de conquistar um título, foi muito marcante. Lembro-me que quando ganhámos o nosso primeiro título, abraçámo-nos e dizíamos que tínhamos conseguido, que o título era nosso, foi muito especial criar essa amizade e ver que todos realizaram o sonho de serem jogadores e ganhar um título pelo Santos. É só não atrapalhar muito. Deixa-os fazer tudo, não atrapalha muito, não é? Mas foi bom. Entendiamo-nos muito, assim. E quando eu via que estava a atrapalhar muito, eles mandavam sair, fica do lado da trave lá, vai. Eu não era burro, posicionava-me lá e esperava o ressalto."
Jogar ao lado de Ronaldinho também está no currículo de André: "Acho que o Ronaldinho foi o melhor que eu já vi, assim, de talento mesmo, de genialidade. Foi o maior e o melhor, acho que ele tinha tudo para atingir o nível máximo do futebol, nível Pelé, se continuasse. Mas dava um friozinho na barriga, o que eu faço agora quando ele está com a bola? Mas esses tipos são tão génios que te deixam à vontade. Ele, Neymar, o Ronaldinho, principalmente, ele dava dicas de como me posicionar, que a bola ia chegar. Era só seguir. Esses tipos... era só seguir o que eles diziam que dá tudo certo, não tem erro. Ele é bom de festa, mas o Neymar é melhor. Isso daí não tem comparação, Neymar é no 'luxo'. Eu prefiro o Neymar, as do Ronaldinho eram boas, mas eu não ia muito não. Era mais o Jô que ia, a preferência de atacante era o jogo. Não tinha como, festa na casa dele era ficar três dias, não dava. Muita coisa, muito intenso. Com o Neymar, acho que a alegria dele é o charme da festa. Não dá para revelar muita coisa não, acho que só quem vai sabe. Por isso é que não tem telefone, morre lá. Acho que o carisma dele é o essencial para a festa dele acontecer."