Ancelotti responde a Laporta: "Em termos jurídicos, desviar atenções não é bom"
Presidente do Barcelona desvalorizou o facto de ter sido imputado pela justiça espanhola no caso Negreira, dizendo que a polémica se resume a um "madridismo sociológico" no futebol daquele país.
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Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid, respondeu esta sexta-feira a Joan Laporta, presidente do Barcelona, que desvalorizou o facto de ter sido implicado pela justiça espanhola no chamado caso Negreira, acusando o futebol daquele país de sofrer de "madridismo sociológico".
"Há um madridismo sociológico que é muito forte, contra o qual lutámos e vencemos. O madridismo sociológico sofreu aquele que é provavelmente o presidente do melhor Barcelona da história... É um desafio muito grande lutar, com desportivismo, contra o madridismo sociológico, mas estamos habituados a ele. Está nos meios de comunicação, nos setores políticos, no poder desportivo... e temos de o aceitar como normal. Mas, enquanto culés, temos de competir e ganhámos contra isso. Causa-lhes pânico haver um Barcelona vencedor, admirado e amado", afirmou o dirigente máximo dos catalães, negando ter incorrido em qualquer tipo de suborno à arbitragem.
Em resposta, o técnico italiano preferiu não se alongar, dizendo apenas que a reação de Laporta, em contexto judicial, não favorece nada o seu caso.
"Ouvi isso e vou repetir o que disse quando falámos sobre o racismo. Não se pode desviar as atenções. Este é um assunto grave, que a justiça está a investigar e temos que deixá-la trabalhar e esperar. Todo o resto é desviar as atenções, o que em termos judiciais não é bom", alertou.
O treinador também abordou o facto de Rodrygo, extremo brasileiro do Real Madrid, ter admitido recentemente que não gosta de jogar a avançado, referindo que esta não é a primeira vez que um jogador tem de desempenhar uma função que não o agrada e que isso faz parte das suas responsabilidades.
"É importante saber onde querem os jogar os jogadores e nunca coloquei ninguém numa posição que gostasse, mas às vezes alguém tem de se sacrificar pelas exigências da equipa. Tal como fez Tchouámeni, Camavinga, o próprio Rodrygo... Ele é um avançado completo, pode fazer muitas coisas. A minha ideia é a exigência da equipa e depois o [aspeto] individual. Ninguém me disse que ele não pode jogar na posição que eu lhe digo. Uma vez pus [Sergio] Ramos a médio defensivo, o que ele não gostava, mas eram as exigências da equipa. Trata-se de uma palavra muito bem definida, chama-se altruísmo", salientou.
De resto, Ancelotti também deixou uma palavra de apreço sobre o veterano central espanhol, que representa atualmente o Sevilha, próximo adversário dos merengues na LaLiga.
"Tenho um carinho especial por ele e se estou aqui hoje... é por causa de Sergio Ramos. Se ele não marca o golo naquela final [da Liga dos Campeões vencida pelo Real Madrid, em 2014], provavelmente não estaria aqui. Toda a gente sente muito carinho por ele e espero que seja um bom jogo. Se ele marcar, o que espero que não aconteça, pode fazer o que quiser", concluiu.
O Real Madrid, atual líder da LaLiga, com 24 pontos, visita o Sevilha, 14.º com oito, no sábado (17h30), em jogo da décima jornada do campeonato espanhol.