A UEFA proibiu Munique de iluminar o Allianz Arena com as cores do arco-íris, em apoio à comunidade LGBTI, cedendo às pressões húngaras.
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No campo serão onze contra onze, e se no fim ganhar a Alemanha (ou até empatar), é garantido que Portugal terminará em terceiro do Grupo F e com boas hipóteses de seguir em frente, mesmo que perca com a França. Mas, é fora do relvado que este Alemanha-Hungria tem escaldado. A UEFA declinou na terça-feira a proposta da autarquia de Munique para iluminar o Allianz Arena, estádio que recebe o jogo, com as cores do arco-íris, em apoio à comunidade LGBTI, que, na Hungria, tem estado sujeita a perseguições desde que Victor Orbán assumiu o poder.
A recente aprovação de uma lei que proíbe a divulgação de conteúdos sobre orientação sexual a menores de 18 anos foi mais uma machadada húngara na liberdade de escolha, e foi também a justificação da UEFA para proibir que o arco-íris iluminasse hoje o recinto, por considerar que havia na proposta do autarca de Munique, Dieter Reiter, uma componente política que contraria a "neutralidade" da instituição, mas sugeriu outras datas para que essa ideia fosse concretizada. Reiter contestou a argumentação da UEFA, insistindo que na base estava uma "questão de direitos humanos e não política" e não aceitou outras datas. "Em Munique, mandamos nós", disse.
Não haverá arco-íris no Allianz Arena, mas vários pontos estratégicos da cidade vão pintar-se com as cores da bandeira associada ao orgulho LGBTI, e outros estádios alemães que não fazem parte do circuito do Euro já fizeram saber que colocarão em prática a ideia boicotada em Munique. A Hungria, por sua vez, congratulou-se com a decisão da UEFA, que lhe permite marcar pontos numa agenda repressiva sujeita a alguns embaraços: em novembro, o eurodeputado József Szájer, próximo de Orbán, e tido como um dos mentores das leis repressivas, foi apanhado pela polícia belga numa orgia homossexual clandestina em Bruxelas, organizada em tempos de pandemia.
Voltando ao relvado, e além da solidariedade com a causa expressada por vários nomes ligados ao futebol (Griezmann ou Gary Lineker, por exemplo), falta saber se Neuer voltará a usar o arco-íris no braço, em forma de braçadeira,. Chegou a haver ameaça de inquérito, entretanto arquivado.