PERFIL - A recusa em fazer doações para o combate à pandemia, com o argumento de que faz o que quer com o dinheiro dele, foi mais um dos episódios que coloriram a carreira de Adebayor fora dos relvados.
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Há 16 anos, seria impossível imaginar que o avançado togolês de 20 anos que viu do banco de suplentes a derrota do seu Mónaco com o FC Porto (3-0) na final da Liga dos Campeões em Gelsenkirchen seria agora notícia por uma polémica ligada à covid-19.
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A recusa em fazer doações para o combate à pandemia, com o argumento de que faz o que quer com o dinheiro dele, foi mais um dos episódios que coloriram a carreira de Adebayor fora dos relvados - e cuja regularidade, provavelmente, terá contribuído para que não chegasse a ter sido tudo o que se esperaria de alguém que foi apelidado de "Baby Kanu", pelas semelhanças físicas com o nigeriano ídolo de infância, e visto como sucessor de Henri, o prodígio goleador do Arsenal. Adebayor passou pelo Arsenal - marcou duas vezes ao FC Porto nos 4-0 da Champions, talvez por vingança... -, como também passou por Manchester City, Tottenham ou Real Madrid. E praticamente em todos deixou um rasto de golos importantes e confusões.
A relação com o futebol deste membro da etnia ioruba, uma das maiores de África, começa cedo e com um "milagre", nas palavras do próprio. Após ter passado os primeiros quatro anos de vida sem poder andar e de ter viajado pelo continente africano com a mãe em busca de cura, estava num domingo na igreja quando um dos rapazes que jogavam à bola à porta a chutou lá para dentro. A vontade de alcançar aquela bola foi tanta que esse menino até então incapaz de andar foi o primeiro a levantar-se e a chegar a ela...
A carreira de Adebayor foi sempre um equilíbrio instável entre golos e polémicas - marcou aos 21 minutos da estreia na Premier League, pelos "gunners", em 2006, mas um ano depois, na final da Taça da Liga, foi expulso por ter dado um soco em Lampard, do Chelsea; é o único jogador da Premier a ter feito dois hat-tricks ao mesmo adversário num só campeonato; envolveu-se em incidentes com colegas de equipa e adversários, como Bendtner e Arbeloa; levou a seleção ao Mundial"2006 e em 2008 foi eleito Jogador Africano do Ano, marcou aos três minutos na estreia pelo City, mas no reencontro com o Arsenal pontapeou Van Persie na cara, deu numa estalada a Alex Song (um dos melhores amigos) e foi acusado por Fàbregas de o ter tentado pisar... A passagem pelo Real Madrid foi mais do mesmo, com golos, críticas e mais confusões, tal como no Tottenham, onde voltaria a marcar na estreia e a somar registos importantes, além de uma discussão com o treinador André Villas-Boas em frente ao resto do plantel, que lhe valeu treinar com a equipa B no arranque de 2013/14.
Para trás ficara o tiroteio quando ia no autocarro da seleção para jogar em Angola, que deixou três mortos (nenhum da comitiva togolesa), a recusa em voltar a representar o país e o posterior regresso. Tal como pertencem ao passado as passagens por Crystal Palace, Basaksehir e Kayserispor, da Turquia, até chegar ao Olímpia, do Paraguai, onde em quatro jogos ainda não somou golos aos 240 em 683 partidas como sénior. As polémicas, essas, prosseguem...