Abidal, a relação com Messi, o regresso falhado de Neymar, a presidência de Bartomeu e o futuro culé
Ex-secretário técnico do Barcelona teve uma longa e reveladora conversa com o diário britânico The Telegrah
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Antigo jogador do Barcelona, Eric Abidal foi recentemente entrevistado pelo jornal The Telegraph e, durante a longa e aberta conversa, o também ex-secretário técnico dos catalães revelou vários detalhes sobre a gestão desportiva e operacional do clube, entre 2019 e 2020.
Na entrevista ao periódico britânico, o antigo internacional francês recordou a relação com o argentino Lionel Messi, revelou o desejo pelo regresso de Neymar a Espanha, criticou a presidência de Josep Bartomeu e avaliou a recente eleição de Joan Laporta.
Abidal começou por detalhar que o conflito criado, há duas temporadas, com o símbolo maior do Barcelona se deveu a uma opinião estritamente pessoal do francês sobre o rendimento coletivo culé, o que não caiu no goto de Messi.
"Precisavam de treinar mais. No meu tempo, com Guardiola, ganhava-se tudo se trabalhássemos muito durante a semana. Isto foi o que eu disse. (...) Também compreendo que Messi é capitão e queria defender o plantel, mas nunca disse que Messi me pediu para demitir o treinador", afirmou Abidal, em alusão aos rumores de que pretendia ver demitido, em janeiro de 2020, Ernesto Valverde.
O técnico espanhol, porém, não resistiu no cargo da equipa principal do Barcelona até ao final dessa temporada, sendo substituído pelo pouco curriculado Quique Setién antes da 21.ª jornada da La Liga, que se estreou com uma derrota ante o Valência (2-0).
Abidal confessou que a mudança de treinador não correspondeu àquilo que idealizava e revelou nomes sugeridos para ocupar a vaga deixada por Valverde no banco de suplentes. "Na minha lista estavam Pochettino, Allegri, Xavi e Sétien. Escolheu-se o Quique [Setién], mas a minha primeira opção [para o lugar] era Pochettino", assinalou.
A entrevista ao The Telegraph prosseguiu com Abidal a assumir que encetou esforços presenciais para que o brasileiro Neymar, vendido por 222 milhões ao PSG, regressasse a Camp Nou, em 2019, pois considerava necessário. E justificou o porquê de não se ter concretizado.
"Dez dias antes de fechar o mercado, fui a Paris para falar com o Leonardo. Falámos sobre o Neymar. Não veio porque contratámos o Griezmann antes. Estou cem por cento convencido de que podíamos ter trazido o Neymar porque precisávamos de um extremo e ele era incrível. O presidente [Josep Bartomeu] decidiu contratar o Griezmann", referiu o ex-jogador.
A propósito de Josep Bartomeu, Abidal revelou que sugeriu, no final de 2019, ao presidente demissionário do Barcelona a colaboração de uma empresa inglesa para resolver, com a injeção de grande quantidade de capital, a crise financeira e duradoura dos culé, mas o dirigente recusou "abrir o jogo".
"O Barcelona estava a proteger a informação das suas contas. Quando tens uma empresa que quer investir muito dinheiro, é natural que queira saber tudo. Mas o Barcelona queria manter as contas em segredo. Entendo que seja uma vergonha mostrar às pessoas e admitir que não estás a gerir bem o clube. Essas pessoas queriam ajudar a administrar o clube, mas no Barcelona toda a gente queria proteger-se", apontou Abidal
A entrevista do ex-secretário técnico blaugrana ao The Telegraph terminou com a abordagem do próprio à eleição de Joan Laporta como presidente do clube, que se traduziu num regresso do político espanhol a Camp Nou, depois de por lá passar, com muito sucesso, entre 2003 e 2013.
Abidal considerou-o uma alternativa capaz de proceder à recuperação do emblema da Catalunha e como que apelou à continuidade de Messi, cujo contrato está em vias de expirar, no plantel de Ronald Koeman.
"Pode ser bom para o clube porque já sabe como funciona. Não estou preocupado. Se as suas ideias forem boas, o clube pode recuperar. Messi é o melhor de todos os tempos e é importante que fique porque continua a ser um jogador-chave. O resto do plantel depende da sua decisão, todo o projeto, as ideias da direção e o treinador", analisou o francês.