Abel Ferreira: "Guardiola queixa-se, mas se vier competir para o Brasil..."
Declarações de Abel Ferreira, treinador do Palmeiras, na conferência de imprensa que se seguiu ao empate 0-0 com o Flamengo, no domingo, para a 3.ª jornada do Brasileirão
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Calendário apertado: "Primeiro dizer-vos que o nosso adversário jogou quinta-feira e nós jogamos domingo, temos uma viagem pela frente de seis horas. Eu gostava que vocês ouvissem com atenção o que Guardiola tem dito sobre ter dois dias de descanso ou três dias de descanso, vocês, de imprensa brasileira, deviam dar atenção às últimas conferências de imprensa que fez. E digo ao Guardiola, que se ele se queixa com o campeonato que ele tem, se ele vier para aqui competir para o Brasil com a quantidade de viagens que tem de fazer... Ele não faz nenhuma viagem de seis horas para ir jogar. Dificilmente fará na Liga dos Campeões e nós aqui dentro fazemos de três, três e meia, seis horas agora, portanto é claro, e ele também o diz, que é fundamental a recuperação, o descanso, a nutrição. E sem tempo para treinar o que temos para fazer? Recuperar. Que tempo eu tenho, com a viagem pelo meio, para treinar e ir jogar contra o Independiente del Valle? Que tempo eu tenho quando jogamos no domingo e o nosso adversário joga na quinta-feira, para se preparar para defrontar o Palmeiras daqui a dois dias? Vocês acham que isso tem alguma vantagem para eles ou para nós? Eu acho que é de senso comum."
Raphael Veiga devia descansar, por não estar a 100%: "A culpa é minha, porque eu já deveria ter tirado o Raphael Veiga há uns dois ou três jogos. Nós sabemos que o Veiga pode dar coisas e decidir jogos. E o problema é o treinador que o mete sempre a jogar, mas ele precisa de descansar. Há dois dias eu achava que ele não ia jogar, de acordo com a análise que fizemos e a dor que sentia. Mas a vontade dele de jogar e nos ajudar é tanta... Eu tenho o Veiga e estamos à procura de achar um substituto à altura. O adversário tem Arrascaeta e De La Cruz. Muitas vezes vocês reclamam da fase dos jogadores, mas eles não aguentam, estão cansados. Muitas vezes, os nossos jogos são feitos a 50%. Precisamos de frescura. E o Veiga não está bem, realmente, por culpa minha. Ele não devia ter jogado contra o Vitória, jogou... Muitas vezes a má forma dos nossos jogadores é responsabilidade minha. Ele já deveria ter descansado. Sorte tenho que temos um núcleo de performance espetacular e o treinador tem que colocar gente mais experiente. O Estêvão está a ajudar muito, o Luis Guilherme, Lázaro, o Endrick hoje esteve bem. A diferença é essa, a gente forma jogadores, e nosso adversário [Flamengo] contrata."
Campos no Brasileirão: "Não é o relvado sintético [que o Palmeiras tem], vocês dizem que eu reclamo de tudo e não é o relvado. Para ser sincero, há relvados naturais muito piores que o nosso sintético. O Athletico foi o primeiro [a ter sintético], o Palmeiras o segundo e o Botafogo o terceiro. Quando a CBF conseguir ter uma qualidade igual à que tem o relvado do Corinthians, onde só joga o Corinthians, aí podem reclamar do sintético. Quando todos tiverem relvados bons, podemos falar. 80% dos relvados aqui não são bons. Para mim, o melhor é o do Corinthians. Somos rivais, sim, mas eu falo. Quando todos tiverem um relvado como o do Corinthians podemos falar alguma coisa."
Leila Pereira, presidente do Palmeiras, respondeu a Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, a respeito das críticas por se jogar num sintético: "Eu gosto das mulheres porque são diretas. Eu sou o que sou porque a minha esposa é quem é. Mas para ser sincero, gostei da resposta da Leila. Aqui no sintético eu ainda não consegui ganhar ao Flamengo, mas na relva natural eu já ganhei. Até para vocês é bom ter essa pimenta e sal, sem faltar ao respeito. Os dois presidentes respeitam os clubes e ninguém me leve a mal, mas é bom uma pimenta e um sal. E vocês têm a capacidade para colocar essa pimenta e a comida ficar boa."