A guerra entre os cartéis da droga de Medellín e Cali, na Colômbia, estava ao rubro na década de 1980 e Pablo Escobar projetou ataque ao América com um carro-bomba. Desistiu por gostar muito de futebol.
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A rivalidade entre os clubes de Medellín e os de Cali, especialmente o América, era o prolongamento da guerra entre os cartéis da droga das respetivas cidades. Um dos operacionais de Pablo Escobar, de Medellín, detido a 25 de maio deste ano, contou agora que só o amor que o "Patron" tinha ao futebol o impediu de mandar matar Ricardo Gareca - craque argentino do América e atual selecionador do Peru - e quem estivesse com ele.
Jhon Jairo Velásquez Vásquez, Popeye, deu uma entrevista ao "Diario Popular" do Peru e contou como Gareca foi um alvo e se salvou. Para tentar travar os ataques bombistas do cartel de Cali contra interesses do de Medellín, que comandava, Pablo Escobar chegou a ter um plano radical: atacar com um carro-bomba as instalações do América de Cali, propriedade de Miguel Rodriguez Orejuela, o mais novo dos irmãos Orejuela chefes do cartel de Cali (atualmente presos nos Estados Unidos) e que tinham o clube como joia da coroa, até porque pagava salários altos e cada contrato era uma operação de lavagem de dinheiro. Essa era, pelo menos, a acusação feita ao clube pelos Estados Unidos durante a administração Clinton.
O projeto de Escobar passava por liquidar a vedeta, o argentino Ricardo Gareca, e o maior número possível de jogadores que estivessem com ele no momento. Relata Popeye: "Ricardo Gareca esteve sempre na mira de Pablo Escobar, no entanto, não lhe chegaram. O amor do "Patron" pelo futebol salvou-o. Esteve planeado atacá-lo, a ele e a outros, com um carro-bomba."
O ex-operacional de Escobar contou também que chegaram a ser sequestrados jogadores do América para entregarem os irmãos Rodríguez Orejuela. "Como não colaboraram, mataram a família de Pedro Enrique Sarmiento", um médio-centro internacional, que atualmente é comentador de futebol.
Há outro episódio revelado pelo assassino vinculado ao cartel de Madellín (confessou ter executado 257 pessoas). O árbitro Álvaro Ortega morreu a 15 de novembro de 1989, mas tinha o destino traçado desde 26 de outubro, dia em que apitou um América de Cali-Independiente de Medellín (3-2) e a dois minutos do fim anulou um golo à equipa visitante. Uma noite, seguia num carro sentado ao lado do condutor e foi assassinado a tiros de metralhadora. As pistas apontavam para o cartel de Medellín e para Escobar mas, por falta de provas, o caso prescreveu 20 anos depois e foi arquivado.
Curiosamente, Pablo Escobar não era adepto do Independiente, mas sim do Atlético Nacional, também de Medellín, de que chegou a ser dono, quando as principais estrelas eram o guarda-redes René Higuita, o defesa Andrés Escobar (assassinado a tiro após o Mundial"1994 em que marcou um autogolo frente aos Estados Unidos) e o avançado Faustino Asprilla.