Em 2020/21, o central jogava o Campeonato de Portugal pelo E. Amadora. Anteontem, estreou-se a titular na I Liga pelo FC Porto. Em dupla com David Carmo, o defesa foi o jogador que mais duelos venceu contra o Portimonense (13 em 16) e mostrou argumentos na saída de bola. "Nada está ganho", aponta.
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De cenário altamente improvável no início da temporada a realidade incontornável após o 11.º jogo do FC Porto em 2023/24: assim se pode resumir o processo de afirmação de Zé Pedro, capitão da equipa B, na formação principal. Promovido aos trabalhos orientados por Sérgio Conceição na sequência da grave lesão de Marcano, o central, de 26 anos, abraçou a oportunidade proporcionada pela expulsão de Fábio Cardoso na Luz para, apesar da derrota, assinar uma boa exibição no clássico com o Benfica. Anteontem, frente ao Portimonense, o camisola 2 cumpriu suspensão e Pepe ainda não esteve disponível, abrindo caminho à estreia a titular de Zé Pedro na I Liga.
O pico de uma subida a pulso no espaço de três temporadas, uma vez que em 2020/21, antes de assinar pelos dragões, o defesa defendia o escudo do Estrela da Amadora no Campeonato de Portugal, escalão no qual também representou União Torcatense, Fafe e Braga B.
Por saber o que é escalar um degrau de cada vez, Zé Pedro não entra em euforias, apesar de, em declarações ao Porto Canal, não ter escondido a satisfação. "É algo que me enche de alegria e orgulho. Foram anos de muito trabalho. Sonhei muito com isto e, agora, está a acontecer. Nada está ganho. Tenho de continuar a trabalhar para merecer mais oportunidades como esta. É isso que quero e vou continuar o meu trabalho diariamente para que elas surjam", prometeu o jogador, após desempenho sobejamente positivo na vitória caseira (1-0) sobre o Portimonense.
As palavras de Zé Pedro refletiram, de resto, aquele que é o perfil do camisola 97: sóbrio, equilibrado e dedicado, consciente de que o bom momento não pode ser motivo para embandeirar em arco. E foram esses traços de personalidade que cativaram a atenção do técnico, que, sabe O JOGO, deu aval à renovação do defesa, oficializada em agosto. O processo já previa que Zé Pedro, portista de coração - confirmado por Sérgio Conceição na intervenção no Canal 11 -, ficasse com o estatuto de quinto central do plantel principal, "certificado" pelo treinador após a cedência de João Marcelo ao Cruzeiro, com possibilidade de atuar nas taças. Nada fazia prever, porém, que fosse titular nesta altura, posição que, de resto, poderá manter no dia 20, frente ao Vilar de Perdizes, na terceira eliminatória da Taça de Portugal. Pepe até deve recuperar até lá, mas não é certo que Conceição opte pela utilização do capitão.
A resposta dada por Zé Pedro na Luz já tinha sido positiva, mas a exibição de anteontem, no Dragão, deixou pouca margem para dúvidas (ver infografia). O central venceu 13 dos 16 duelos que travou, 10 deles pelo ar. Mas não só de rendimento defensivo se fez o jogo do capitão dos "bês", que também mostrou atributos na saída de bola - falhou apenas um dos seis passes longos que tentou -, valência que sempre fez parte do arsenal do defesa.
O facto de o FC Porto ter mantido a baliza a zeros foi enaltecido por Zé Pedro, que salientou a importância do triunfo sobre a equipa algarvia para as semanas de trabalho que vêm por diante. "Com uma vitória, os trabalhos seguem com um espírito diferente. Sorrisos na cara, alegria por termos atingido o objetivo neste jogo. Agora é trabalhar para conseguir um novo objetivo, que é a vitória e seguir em frente na Taça de Portugal", afiançou o central.
Voto de confiança da estrutura deu braçadeira
Zé Pedro foi abordado por clubes da I Liga e do campeonato polaco durante o defeso, mas recebeu um voto de confiança do FC Porto, que prolongou o vínculo do central, agenciado por Jorge Teixeira, até 2026. E a renovação veio "acompanhada": depois de confirmado o ponto final na carreira de Silvestre Varela, o jogador natural de Guimarães herdou a braçadeira de capitão da equipa B.