O pai do médio, grande figura da seleção uruguaia e do Albacete nos anos oitenta e noventa, comenta o conforto e brilho que se extraiu do papel que o filho assumiu no primeiro jogo oficial de 2024/25
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Zalazar já dá um particular aconchego ao jogo do Braga, tendo enchido o campo frente ao Maccabi Petah Tikva como um sobredotado de pauta na mão, régua e esquadro nos pés. Brilhante no primeiro exame, soberano como cabeça de cartaz, parecendo entrar ao ritmo com que acabou 2023/24, época que lhe valeu oito golos e dez assistência, em 49 jogos.
Ele e Horta autorizaram sorrisos no primeiro obstáculo para a fase de grupos da Liga Europa, mas do uruguaio viu-se mais: um entendimento altamente confortável num novo papel que foi desenhado para ele por Daniel Sousa. Cirúrgico nas arrancadas, mantendo a bola colada no pé, agilizando linhas de passe e exercícios de primorosa geometria, Zalazar já fez bater os corações na Pedreira, e um lance em que se libertou de vários rivais no corredor central arrebatou aplausos como se de um golo se tratasse. E também o fez, estreando-se como marcador de penáltis desde que chegou a Braga. Uma coisa parecia clara, sugerida logo pelos primeiros dias de Daniel Sousa em Braga: apesar da grande época, Zalazar teria de ser mais expressivo e influente em 24/25, num sistema mais seguro para a sua qualidade de posse.
“Este sistema facilita a minha maneira de jogar. Sinto-me muito bem e confortável”, reconheceu, no final do encontro, o craque uruguaio. Zalazar sofreu um pouco com a abordagem mais aventureira de 2023/24, onde o balanceamento ofensivo deixava a equipa exposta a muitas surpresas desagradáveis para as suas redes.
O desempenho de Zalazar no primeiro jogo da nova época mereceu impactante legenda do próprio Braga. “Barbaridade de jogador”, escreveu o clube. O encanto também se fez sentir em Málaga, onde o pai José Zalazar, outrora estrela do Albacete, rejubilou com a exibição de classe do médio de 24 anos. “Fez uma grande temporada e começou forte esta. O que está claro é que casou muito bem com este treinador, com o que lhe pede. Entenderam-se muito bem em termos de ideias, isso é muito importante para Rodrigo”, disse a O JOGO o patriarca do clã Zalazar, certo do efeito da mensagem.
“A cada início de época só lhe digo que meta trabalho, sacrifício, vontade e profissionalismo com toda a gente. Peço-lhe isso, de resto, ele tem todas as condições. Começou muito forte com grandes movimentos na sua posição, fez um jogo muito completo, ofensiva e defensivamente. Espero continuar a vê-lo neste nível”, rematou.
Braga bloqueou assédio ao médio
Muito cobiçado neste mercado, o Braga resistiu às sondagens pelo uruguaio, sabendo tratar-se do jogador que tem potencial para maior valorização dentro do plantel. Com contrato até 2028 e cláusula de 50 milhões, Zalazar tem em mente apenas os grandes campeonatos, pelo que pouco mexeu com ele o badalado interesse do Galatasaray, que soprou da Turquia. O Braga não está recetivo a ofertas, ainda para mais com tantas decisões em curso neste arranque de temporada. Abaixo de 30 milhões, nem há margem para conversar.