Xeka antevê eliminatória com o Lyon: "Talvez o FC Porto tenha uma pequena vantagem"
ENTREVISTA, PARTE I - Xeka alerta para o poder ofensivo dos leões gauleses, aponta os nomes a ter em atenção, analisa os reforços de inverno e dá a conhecer as debilidades defensivas da equipa que amanhã visita o Dragão.
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Titular indiscutível do campeão francês, Xeka ajudou o Lille a derrotar o Lyon na semana passada. O médio português, de 27 anos, jogou os 90 minutos no triunfo por 1-0 na casa do adversário europeu do FC Porto e O JOGO convidou o ex-jogador do Braga a explicar qual a melhor estratégia para os dragões ultrapassarem o Lyon.
Xeka apontou detalhadamente os pontos fortes e fracos da equipa treinada por Peter Bosz que, diz, tem debelidades defensivas. Ter a bola e fazer pressão são armas a usar.
Como é que derrotaram o Lyon?
-Jogar contra o Lyon é sempre difícil porque é uma equipa com muito talento, que tenta jogar e com jogadores com muita qualidade. Eles tentam sempre um passe mais difícil, que, quando entra, pode causar muito perigo. A nossa estratégia passou por muita organização e eles criaram-nos perigo apenas num lance. Tivemos ainda muita posse de bola. Eles, como têm uma equipa muito ofensiva, com jogadores que gostam de atacar, não são muito precisos e acutilantes a defender. Muitas vezes faltam dois metros para defender e eles não defendem e isso pode fazer a diferença. A maneira como conseguimos aplicar as zonas de pressão também foi importante.
Fizeram uma pressão alta?
-Nesse jogo fizemos uma pressão com um bloco médio, mas revendo o jogo acho que devíamos ter pressionado mais à frente para não deixar que a defesa tivesse tanto tempo para pensar. Com qualidade que têm, vão encontrar a melhor solução e podem criar problemas ao adversário. É ainda importante saber as zonas do terreno onde se ganha a bola até para fazer contra-ataques, porque esse é um aspeto que pode colocar o Lyon em dificuldade.
O Lyon tem dificuldades a defender?
-A meu ver sim, têm dificuldades defensivas. Há que saber explorar esses espaços e essas lacunas. Mas, atenção, o Lyon é uma excelente equipa, uma das três ou cinco melhores equipas de França. Individualmente tem jogadores com um talento enorme.
Quem?
-O Paquetá, por exemplo, é um dos melhores jogadores da Liga francesa. Tem muito talento, visão de jogo e golo. Mas todo o ataque é muito forte. O Ekambi também. É um jogador muito rápido, com muita qualidade e forte no um para um. O Dembélé é avançado, forte e, se lhe derem espaço, é matador.
O Lyon reforçou-se bem no mercado de inverno. Quem destaca?
-Era uma equipa que estava a precisar de sangue novo, foi ao mercado e contratou bons jogadores, um deles o Faivre [ex-Brest], que está a fazer um excelente campeonato. É um jogador mais de interior, com um bom pé esquerdo e boas tomadas de decisão. Contrataram ainda o Ndombélé [ex-Tottenham], um médio que regressou ao clube e que estava pronto a jogar. Tem muita qualidade, joga com os dois pés e gosta de transportar a bola quando tem espaço e é rápido. Foram ainda buscar o Emerson [ex-Chelsea], um lateral-esquerdo que gosta de atacar, de arriscar no meio-campo ofensivo e de tentar o golo.
Daquilo que conhece das duas equipas, quem é o favorito?
-É difícil responder, mas talvez o FC Porto tenha uma pequena vantagem. O Lyon é uma equipa que tem estado na Liga dos Campeões e que tem sempre uma palavra a dizer nas competições europeias. Nesse aspeto, do FC Porto nem vale a pena falar muito, porque todos sabem o historial europeu do clube.
"Anthony Lopes ajuda muito os centrais"
Anthony Lopes nasceu em França e é um verdadeiro símbolo do Lyon, o único clube que o internacional português representou na carreira. A cumprir a 20ª temporada nos "gones", o guarda-redes é um dos titulares indiscutíveis. Xeka reencontrou o capitão do Lyon no passado dia 27 e destaca as qualidades da última barreira que o FC Porto irá encontrar amanhã.
"É muito ágil e forte a reagir. É titular há muito tempo e certamente vai continuar a ser", destaca o médio português, alertando ainda para uma das virtudes do guarda-redes da equipa francesa. "Ajuda muito a linha defensiva, sobretudo os centrais, nomeadamente quando são bolas nas costas. Limpa muitos lances que seriam de perigo iminente", explica.