Emanuel Calças, um dos arguidos do ataque à Academia do Sporting, foi ouvido em tribunal.
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O arguido Emanuel Calças disse esta sexta-feira em tribunal que se Mustafá, o líder da Juventude Leonina, estivesse com o grupo que invadiu a Academia do Sporting, a 15 de maio de 2018, "aquilo não tinha acontecido". "Tenho a certeza de que se o Mustafá estivesse presente aquilo não teria acontecido", afirmou Emanuel Calças, durante a 33.ª sessão do julgamento da invasão à academia, admitindo que só quando chegou "ao estacionamento de terra batida, junto à Academia" percebeu que a ação não tinha o apoio da claque Juventude Leonina.
Emanuel Calças acrescentou ainda que só no momento em que Nuno Mendes [conhecido por Mustafá] não apareceu é que percebeu que não havia ligação com a Juventude Leonina, explicando que antes tinha visto uma mensagem no grupo de Whatsapp "de alguém a dizer que ele ia".
Este elemento admitiu ter ido à Academia numa ocasião anterior com o líder da Juventude Leonina, também arguido e acusado da autoria moral dos 97 crimes do processo, falar com os jogadores, reconhecendo que dessa vez passou pela segurança e foi de cara destapada.
O 14.º arguido a ser ouvido em tribunal disse que a única agressão de que se apercebeu na invasão foi quando ouviu o treinador Jorge Jesus a dizer que tinha sido agredido. "A única agressão de que tive noção foi quando, no corredor, vi o Jorge Jesus a dizer que alguém o tinha agredido", explicou.
Emanuel Calças, que estagiou no gabinete de comunicação do Sporting, explicou que alguns arguidos organizaram um grupo de Whatsapp para "pressionar os jogadores sobre o que aconteceu na Madeira", onde, dois dias antes da invasão, os leões perderam por 2-1 com o Marítimo e foram afastados do segundo lugar da I Liga e, consequentemente do acesso à qualificação para a Liga dos Campeões.
O arguido, que disse ter colocado uma balaclava (gorro justo que oculta a cara) "por causa dos jornalistas", afirmou não ter batido, nem ver ninguém a bater, admitindo ter pensado que o jogador Bas Dost "estava lesionado" quando o viu "a cambalear e a ser apoiado".
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No início da sessão da tarde, foi ouvido o jogador de voleibol Miguel Maia, testemunha arrolada pela defesa de Bruno de Carvalho, que descreveu o antigo líder do Sporting como "um presidente fora do normal", destacando a sua proximidade com a equipa.
O julgamento prossegue na quarta-feira com a audição de quatro arguidos, entre os quais Mustafá, que deverá ser ouvido à tarde.
O processo da invasão à Academia tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Bruno de Carvalho, Mustafá e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados de autoria moral de todos os crimes.