Vítor Bruno firme apesar de contestado. Villas-Boas pediu mudança de atitude e resposta imediata
Discurso duro de André Villas-Boas ainda na Luz, mas confiança no técnico mantém-se. Presidente considerou uma vergonha e uma falta de respeito a derrota no clássico. Treinador, que falou ontem com os jogadores, foi insultado e contestado à chegada. Próximo ciclo é decisivo.
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Não foram apenas os números da mais pesada goleada sofrida em 60 anos perante o maior rival, mas sobretudo a falta de atitude, agressividade e intensidade no clássico a abalar o universo portista. A ressaca do descalabro na Luz está ser dura e o descontentamento é geral, do presidente André Villas-Boas aos adeptos. Vítor Bruno foi apertado à chegada a Gaia e colocado em causa em diversas páginas na Internet associadas aos dragões, mas O JOGO sabe que o técnico mantém a total confiança por parte da estrutura azul e branca, não estando minimamente em causa a continuidade do projeto iniciado esta temporada.
Exige-se no reino do dragão, porém, uma mudança de atitude, sobretudo nos jogos com adversários do mesmo “calibre” já que são as duas derrotas com os rivais de Lisboa a manchar aquele que podia ser um arranque de campeonato perfeito, mas que acabam por ditar os seis pontos de atraso para a liderança. Na Liga Europa a situação também não é a ideal, aumentando a pressão para o próximo ciclo competitivo, pós paragem. E este começa logo com uma complicada deslocação a Moreira de Cónegos para a Taça de Portugal e uma viagem que pode ser decisiva à Bélgica para defrontar o Anderlecht.
Consciente disso mesmo, André Villas-Boas não perdeu tempo - até por causa da partida dos internacionais - e nem esperou pelo apito final de João Pinheiro, dirigindo-se de imediato ao balneário da equipa na Luz para transmitir logo ali, de forma dura e veemente, o seu descontentamento por uma exibição e derrota que considerou “uma vergonha” e uma “falta de respeito” para com os adeptos, pedindo uma resposta imediata, acompanhada por uma mudança de atitude que acompanhe o nível de exigência do clube, uma vez que fez um esforço financeiro para construir um plantel capaz de ganhar o campeonato.
O grupo de trabalho levou o “puxão de orelhas”, sem entrar em diálogo e pouco depois Diogo Costa surgiu na zona mista a pedir desculpa aos adeptos e a prometer a tal reação. Já Vítor Bruno, que foi acompanhado pelo presidente e por Jorge Costa à saída do estádio, optou por dissecar o clássico apenas ontem no Olival, onde apontou os erros cometidos. O treinador, refira-se, não cancelou qualquer folga prevista. Aliás, hoje não há treino.
Adeptos apertaram no Olival
A chegada da equipa, após a derrota no clássico, foi agitada devido à presença de cerca de duas dezenas de adeptos no Olival que insultaram a comitiva e exigiram uma mudança de atitude imediata perante as duas derrotas consecutivas, cenário pouco habitual para os portistas. Apesar da hora avançada da madrugada, os ânimos aqueceram um pouco, levando a que a GNR tenha sido chamada ao local, mas não se registou qualquer incidente de maior. Houve relatos de que o carro de Vítor Bruno foi pontapeado, mas isso não se confirmou. O treinador foi, sim, visado verbalmente pelos adeptos em causa, que seriam afetos às claques e estavam de regresso depois de terem assistido ao encontro na Luz.
À medida que foram saindo do centro de treinos nas suas viaturas, os jogadores não foram poupados das manifestações de desagrado por parte dos adeptos, com o epicentro dos protestos a ter o treinador como alvo. O diretor do futebol profissional, Jorge Costa, ainda tentou acalmar as águas, mas também ele foi alvo da ira gestual e verbal dos presentes. Isto apesar de por essa altura ter sido pintado, num muro perto do centro de treinos e por onde todos os elementos do grupo de trabalho têm de passar, uma frase crítica para a equipa que até apelava à intervenção do antigo craque azul e branco. “Jorge Costa ensina-lhes como é! Nós somos Porto.”