Villas-Boas: "O futebol português está gravemente doente, vivemos nesta paz podre há muitos anos"
Declarações do presidente do FC Porto na zona mista da celebração dos 111 anos da FPF
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Futebol português: “O futebol português está gravemente doente, andamos a enganar-nos uns aos outros há bastante tempo. Não basta as recentes questões entre o ex-presidente da FPF [Fernando Gomes] e o atual [Pedro Proença], mas também um certo desalinhamento entre entre os três grandes e o facto de continuarmos a adiar discussões de centralização, de VAR, temas de tecnologia que continuam em atraso. Estou a aproximar-me de um ano de presidência, tentei lançar-me neste desafio também com o intuito de renovar o ar do futebol português, sentar-me à mesa com os três grandes e trazer um pouco de alinhamento estratégico futuro e a verdade é que lamentavelmente as coisas continuam a caminhar num mau sentido."
Mais recentes acontecimentos entre Pedro Proença e Fernando Gomes: "Explode um desalinhamento evidente que já se vinha a sentir entre dois grandes presidentes, um que era presidente da Liga e outro grande presidente desta federação, se calhar o presidente mais importante desta federação. Constata-se finalmente que vivemos nesta paz podre há muitos anos, continuamos a atrasar-nos na nossa evolução. Estamos sob-ameaça do futebol belga, a Bélgica continua a somar pontos no coeficiente da UEFA e a realidade é que se calhar em breve estamos destinados à Liga Conferência, que se calhar é o que merecemos. Cenas lamentáveis, de conflitos de poder, que deveriam ser evitados em toda a linha. É fundamental para o futebol português recuperar-se.”
Papel de Portugal no futebol internacional: “Gostamos todos destes eventos, sentimos o prestígio dos mesmos. Somos um país único em termos de jogadores, treinadores e agentes talentosos. Para uma população tão pequena criamos tanto talento, a realidade é que tardamos a sair desta zona de conflito da qual ninguém sai valorizado. Sentimento de tristeza enorme, que as coisas sejam capazes de se resolver rapidamente, que haja um bom entendimento e alinhamento, porque Portugal tem um papel estratégico fundamental no futebol europeu e não há dúvida nenhuma que tem de estar colocado nas maiores instancias do futebol internacional.”
Carta de Fernando Gomes: “Não sei como os presidentes das outras federações reagem a receber cartas desta magnitude. A primeira coisa que me vem à cabeça era testar a sua veracidade, tendo em conta o seu conteúdo. Respeito muito Fernando Gomes, tem um grande trabalho à frente desta federação, que é único, especial e singular, e lamento que dois presidentes importantes para o desporto português estejam neste momento de costas voltadas. Não podemos parar a nossa evolução, temos um Campeonato do Mundo à porta. Nao sei como as outras federações vao reagir a um comunicado destes. Se calhar os presidente posicionam-se de forma diferente. É um passo atrás para a dignidade, transparência e ética do futebol português. Se há lugar que temos de ocupar é precisamente no Comité Executivo da UEFA, eu felizmente consegui ganhar um lugar no Comité de Competições da UEFA através da Associação Europeia de Clubes e evidentemente que o presidente da FPF deve estar presente no Comité Executivo da UEFA, pelo que já atingimos como país no mundo do futebol.”