De acordo com o despacho de buscas a que O JOGO teve acesso foram "montados esquemas de fraude" que levaram ao "prejuízo dos interesses da Benfica SAD, do ex-Grupo Espírito Santo e do atual Novo Banco e ainda do Estado português".
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O Ministério Público (MP) acusa Luís Filipe Vieira de desviar dinheiro da SAD encarnada em seu "proveito" e das "empresas sob seu controlo" e de acordo com o despacho de buscas a que O JOGO teve acesso foram "montados esquemas de fraude" que levaram ao "prejuízo dos interesses da Benfica SAD, do ex-Grupo Espírito Santo e do atual Novo Banco e ainda do Estado português".
Isto através de pagamentos que o MP considera "excessivos" por parte do Benfica no que diz respeito à transferências de atletas e com o dinheiro a circular por empresas "do tipo offshore e com registo nos Estados Unidos da América, nos Emirados Árabes Unidos e na Tunísia, controladas direta ou indiretamente, por Bruno Macedo".
De acordo com o mandado de busca, o Ministério Público considera que estas companhias foram "instrumentalizadas no sentido de nelas serem parqueadas verbas obtidas através da simulação de negócios, nomeadamente envolvendo a Benfica SAD, liderada por Luís Filipe Vieira". O documento aponta ainda um "valor global de, pelo menos, €2.494,900,00", com o MP a concluir que este foi "utilizado no interesse de sociedades do ramo imobiliário da esfera pessoal do mesmo Luís Filipe Vieira, designadamente para a amortização de passivo e para a venda de ativos".
A acusação defende que, naquilo que classifica de "esquemas", o líder das águias "obteve o comprometimento de pessoas de família, como o seu filho Tiago Vieira, mas também do mundo empresarial, em particular da área do agenciamento e intermediação de jogadores de futebol, caso de Bruno Macedo". Enunciando diversas empresas do intermediário e advogado, o documento refere que este "tinha disponibilidade de utilizar estruturas societárias no estrangeiro montadas por terceiros, procedendo ao forjar de documentos, se necessário, para justificar a intervenção dessas entidades, seja em sede contratual seja em sede de operações financeiras".
Entre as diversas empresas, o MP identifica, por exemplo, a Master International, "utilizada para parquear uma mais-valia", fruto da venda dos direitos económicos dos atletas Derlis González e Cláudio Correa, estimada em 1.280 milhões de euros, e que "deveria ter sido refletido como um ganho nas contas da Benfica SAD", situação que acabou por não se verificar. Em causa está também a Trade In, que a acusação diz ter transferido o central César Martins para o Benfica "por um valor bastante superior" ao que deveria ter sucedido. Daí terá resultado uma "diminuição da tributação" à SAD encarnada em mais de 1,3 milhões de euros. O despacho dá conta ainda de pagamentos a outras empresas, como a International Sports Fund e a Springlabirynth SA, com sede em Braga, que terá recebido 830 mil euros.