A 16 de maio de 2004, o Benfica venceu o FC Porto na final da Taça de Portugal e pôs fim a um jejum de títulos. Simão reorda a conquista a O JOGO.
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Decorriam já oito anos sem quaisquer conquistas por parte do Benfica quando em 2003/04, sob orientação de José António Camacho, as águias quebraram o embalo ao FC Porto e, dando a volta ao marcador, voltaram a festejar títulos. Figura da partida, ao marcar, já no prolongamento, o golo do triunfo, Simão lembra a O JOGO histórias desse embate, que considera decisiva para o que diz ter sido um "crescimento" do Benfica desde então.
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"Foi espetacular. Depois das dificuldades que atravessámos, com a construção do novo estádio, de não ter sítio para treinar... Foi uma recompensa para todos. Foram tempos atribulados e a Taça acabou por ser parte da viragem", afirma, recordando o duelo com "um grande FC Porto, que dias depois ganhou a Liga dos Campeões". "Era a melhor equipa portuguesa naquele momento. Tinha um plantel fortíssimo e nós um grupo que estava a ser preparado para começar a ganhar", conta, frisando o mau arranque. "Começámos a perder e chegámos assim ao intervalo. Empatámos e depois marquei de cabeça, o que não era muito normal. Foi um centro do Zahovic, a bola sobrou para mim e tinha alguma técnica de cabeceamento porque jogávamos muitas vezes futevólei, na era Camacho", adianta, explicando a técnica colocada em prática: "Tínhamos um campo sintético no balneário e depois dos treinos éramos expulsos pelo Camacho porque ficávamos horas naquilo, e eu fiz um cabeceamento bombeado como no futevólei."
"O FC Porto era a melhor equipa portuguesa. Tinha um plantel fortíssimo"
A reviravolta foi operada aos 104", depois de uma palestra ao intervalo da partida em que Camacho se focou em aspetos táticos. "O FC Porto tinha um meio-campo muito forte, com Deco, Costinha e Maniche e se o controlássemos poderíamos ganhar. Deu-nos indicações, mas ele também não poupava ninguém. Dizia tudo na cara e não protegia A, B ou C", revela, assumindo a importância de Petit no segundo tempo e admitindo "a pontinha de sorte que é sempre preciso".
Lembrando a dedicatória da conquista a Fehér e Bruno Baião (jovem da formação), falecidos naquele ano, Simão fala ainda do prémio inesperado pela conquista. "O Luís [Filipe Vieira] dizia sempre 'não há prémio, não há prémio' e que a nossa obrigação era ganhar. Mas no fim lá houve. Quando subi ao autocarro e disse que tínhamos prémio ficaram todos contentes. Não esperávamos nada, por isso foi bom, e ainda consegui negociar e puxar um pouco para cima. Mas o maior prémio foi ganhar a Taça", salienta.