Chegou a parecer muito difícil que reforçasse o FC Porto, mas a impossibilidade de trazer Pepê deu novo fôlego às negociações. Não há opção de compra. O jogador procura relançar-se.
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Sérgio Conceição queria um extremo com "perfume no jogo" e a resposta é Felipe Anderson. O avançado brasileiro de 27 anos chega cedido por uma época pelo West Ham, sem opção de compra para os dragões. Tal como escrevemos na edição de terça-feira o negócio esteve quase a ruir: fonte do FC Porto admitiu a O JOGO, na noite de segunda-feira, que era muito pouco provável que Felipe Anderson rumasse ao Dragão.
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Contudo, durante a manhã, as partes reaproximaram-se, ao mesmo tempo que o clube confirmou que seria impossível contratar Pepê ao Grémio nesta janela de mercado. Havia acordo quanto às verbas, entre todas as partes, mas o emblema de Porto Alegre mostrou-se irredutível em segurar o extremo até ao final do ano. O dossiê fica adiado para janeiro e com boas possibilidades de ser concluído. Por agora, o palco é de Felipe Anderson, que assinou o contrato num consulado e só esta quarta-feira viaja para a Invicta. Curiosamente, a nova casa não lhe é estranha: jogou pelo Brasil no Dragão em 2019, frente ao Panamá. Também se cruzou com Toni Martínez no West Ham.
Versátil e produtivo
Tal como Sérgio Conceição revelou em entrevista a O JOGO, há um mês, faltava "alguma criatividade" no plantel. "Alguém que possa jogar a extremo e por dentro, mas que tenha esse perfume no jogo", explicou o treinador. De facto, as características de Felipe Anderson encaixam neste perfil, a começar pela versatilidade.
Entre Santos, clube que o formou, Lázio e West Ham, o brasileiro passou por todas as posições de cariz atacante: médio ofensivo, extremo (ambos os lados), segundo avançado e ponta de lança. É, contudo, no flanco esquerdo que Felipe tem o habitat mais natural, com a bola colada ao pé direito, mas sem problemas em usar o canhoto. Destaca-se pela velocidade e o pelo drible, atributo no qual foi o terceiro mais eficaz da Europa em 2017/18, com seis dribles bem sucedidos por jogo. A estas facetas junta-se a capacidade de finalização, que resultam numa produção relativamente consistente de golos e assistências.
Felipe saiu do Santos para a Lázio por 7,5M€, em 2013, e rumou a Inglaterra a troco de 38M€, em 2018. O portal Transfermarkt avalia-o, agora, em 25M€
Os números da última época, não obstante, só se equiparam aos da primeira na Europa. Quando, em 2013, trocou o Santos pela Lázio a troco de 7,5 milhões de euros, Felipe ainda estava a debelar uma lesão no tornozelo, o que dificultou ainda mais a adaptação ao calcio. Chegou a estar na lista de empréstimos, mas o treinador Stefano Pioli lançou o brasileiro para a sua melhor época de sempre. O rendimento manteve-se alto e, em 2018, o West Ham contratou o avançado por 38 milhões de euros. A estreia não desiludiu, mas a troca de Manuel Pellegrini por David Moyes, em dezembro de 2019, não fez bem a Felipe Anderson. Perdeu espaço e preponderância nos hammers, num cenário que não mudou esta temporada. Somou apenas dois minutos no campeonato, pese as duas assistências e um golo assinados nos três jogos para a taça da liga inglesa. O empréstimo ao FC Porto surge na perspetiva de se relançar numa equipa que luta por títulos e vai competir na Liga dos Campeões, e a ausência de opção de compra mostra que os londrinos também não o querem perder.
"Irmão" de Neymar
Noutros âmbitos, as lesões não costumam ser um problema para Felipe Anderson. À exceção do tal problema no tornozelo que o fez perder os primeiros jogos de 2013/14, só voltou a parar por três ocasiões nas seis épocas seguintes e só uma foi mais grave, afastando-o de 20 partidas da Lázio. Já em matéria disciplinar, nunca viu um cartão vermelho e teve apenas um pequeno desentendimento com Simone Inzaghi em Itália, em 2018: ficou um jogo de fora, pediu desculpa e tudo ficou sanado. Felipe é também um dos grandes amigos de Neymar, com quem ganhou o ouro olímpico em 2016. Para o jogador do PSG, é "um irmão mais novo".