Evolução do camisola 7 tem incidido, entre outros aspetos, em melhorias na pressão sobre os adversários. No entanto, Sérgio Conceição não quer que o jogador perca o rasgo no um para um.<br/>
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A entrada de Gabriel Veron constituiu um ponto de viragem no FC Porto-Casa Pia de domingo.
Lançado aos 55 minutos, o avançado só precisou de um para fazer a diferença. Na grande área dos gansos, após um cruzamento cortado, o jovem brasileiro foi para cima de Zolotic e roubou a bola ao central, deixando de imediato para Evanilson rematar. Ricardo Batista defendeu, mas Veron não desistiu. Insistiu e, à segunda, assistiu Taremi, que só teve de empurrar para o golo.
Impacto imediato, num lance que foi o espelho do trabalho realizado pelo atacante no Olival ao longo dos últimos meses, assente na pressão exercida sobre os adversários e melhorias no momento defensivo. Isto sem abdicar, claro, das características que lhe são inatas. Mas vamos por partes.
A primeira época de Veron no futebol europeu não tem sido um mar de rosas. O habitual processo de adaptação a uma nova realidade foi pontuado por problemas físicos e, após uma primeira fase como aposta regular a partir do banco, perdeu protagonismo. Entre os dois duelos com o Casa Pia, somou apenas 15 minutos na I Liga, sendo titular em dois jogos das taças e numa partida da equipa B. Mas não baixou os braços. O dianteiro, de 20 anos, continuou a trabalhar na sombra, com Sérgio Conceição a insistir em atributos que considera inegociáveis para ser tido como opção no FC Porto: a resposta à perda de bola e o condicionamento das ações dos adversários em zonas subidas do terreno. No entanto, ao que O JOGO apurou, o treinador não quer que a aquisição de novas valências retire a Gabriel aquilo que exibiu no Palmeiras e o colocou na agenda portista: poder de arranque, explosão e capacidade de drible no um para um.
O trabalho de casa tem sido feito e, a nível psicológico, também houve lugar a uma espécie de "formatação". Pouco tempo antes de deixar o Palmeiras, uma saída noturna de Veron deu que falar no Brasil, episódio que Conceição recordou logo após o jogo de domingo. "Veio do Brasil com alguns problemas dentro e fora de campo", lembrou o técnico portista. Nessa esfera mais pessoal, também houve mudanças: o internacional jovem pelo Brasil entendeu que a vinda para Portugal implicaria a adoção de uma conduta mais regrada, que, de resto, tem seguido.
Depois de aproveitar a persistência, o próximo passo de Veron será dar sequência em campo ao trabalho de bastidores. Esta época, o tempo já não abunda, mas 2023/24 pode trazer outro protagonismo a um jogador que custou mais de 10 M€, assim este continue a justificar a aposta.
Câmara hiperbárica ilustra aposta
A aposta de Gabriel Veron no desenvolvimento pessoal não se limita àquilo que acontece dentro das "oficinas" do Olival. O jovem avançado do FC Porto investiu na compra de uma câmara hiperbárica, que utiliza, por norma, uma vez por semana, e recorre com frequência a uma bota de compressão. Em ambos os casos, o objetivo passa por otimizar o processo de recuperação física, tentando evitar, em simultâneo, a repetição de problemas musculares. A juntar a isto, Veron segue um plano alimentar rigoroso, procurando não sair dos parâmetros de peso estabelecidos pela equipa técnica portista.