De modo realista, Schmeichel descarta que os verdes e brancos possam sonhar com o título europeu e avisa que os jovens vão sentir, a breve prazo, a pressão para defender o estatuto de campeão
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Peter Schmeichel voltou a Lisboa para apresentar a sua autobiografia na Web Summit e ainda está bem atento à realidade leonina, clube pelo qual foi campeão em 2000, a décima liga conquistada depois de quatro no Brondby e cinco pelo Manchester United.
"Não vi o jogo com o Besiktas no estádio de Alvalade, mas estou sempre de olho. Um 4-0 na Europa é sempre muito bom. Apareceu-me a notificação de que tinha sido o Paulinho a marcar e fiquei a pensar no outro mais velho [internacional brasileiro ex-Barcelona]. Vi tudo o ano passado, claro. O título demorou mais do que o anterior jejum. Foram 19 anos. Mas foi muito bom. Os jovens e um treinador também ele jovem estiveram muito bem. Estão em boa forma, venceram o Besiktas e estão num bom momento", atirou à Imprensa lusa após uma extensa sessão de autógrafos, acreditando que os leões podem conseguir o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões: "Estão dois jogos por realizar e duas goleadas dão confiança. Vejo-os com capacidade de passar este grupo. É possível. Só estar na Liga dos Campeões já é uma experiência para os jovens. Tudo o que se somar é um bónus."
Ainda assim, o ex-guarda-redes descarta utopias. "Não, o Sporting não pode pensar num título de campeão europeu. Não o digo de uma forma crítica. O Manchester United, que é um dos grandes clubes, está a dar passos novamente nesse sentido, mas sente a diferença para Bayern Munique, PSG, Chelsea... Eles deram esse passo, os outros precisam de ter paciência", considera, avisando para o peso das insígnias de campeão: "Há muita pressão para estar na Champions e também na luta para defender o título nacional. É muita pressão. Os jovens têm a tendência de estar muito bem, mas de ter quebras anímicas. É preciso paciência nos momentos menos bons."
Dizendo que "seria errado" dar conselhos a Rúben Amorim, que foi campeão, Schmeichel lembra que a espinha dorsal da equipa será difícil de reter: "É sempre importante manter os jogadores mais velhos, mas o Sporting sempre foi uma equipa capaz de produzir talentos, de desenvolver jogadores e a equipa. Quando jogadores como o Bruno Fernandes chegam a um certo nível há que deixá-los ir. O Sporting sempre foi um clube formador."
"Feliz" por desfrutar "da boa comida" e de uma "salada" que até o faz "repensar" um possível regresso a Portugal, Schmeichel mantém planos em aberto: "Poderia voltar ao futebol como dirigente, como diretor desportivo, mas estou bem a trabalhar nos "media". Nunca se sabe o futuro. Mas, aqui para nós, Alcochete é muito longe. É uma boa academia... quando finalmente lá conseguimos chegar."