Varandas falou e convenceu: "Achei o ataque mais forte ao FC Porto e não surpreende"

Frederico Varandas, presidente do Sporting
Carlos Costa/Global Imagens
O JOGO ouviu adeptos ilustres dos leões, que assinalam o agrado do discurso e do mandato de Frederico Varandas
Frederico Varandas prestou à "CNN" uma entrevista em profundidade. Anunciou segunda-feira a recandidatura ao cargo e O JOGO inquiriu adeptos e ex-dirigentes, que revelam ter ficado satisfeitos com o discurso do presidente, mostrando apoio à reeleição.
"Sou subscritor da carta aberta e apoio a recandidatura. Tem um mandato brilhante. A recuperação pós-Alcochete... nunca sonharia chegar onde estamos neste momento. O segundo ano de mandato foi difícil e soube ser resiliente e encaixar o treinador e as peças certas", principia Tito Arantes Fontes, presidente do Grupo Stromp, considerando que achou "mais forte o ataque ao FC Porto", mas que tal "não surpreende", valorizando as palavras "corajosas" do líder. Elogia a "contenção e elevação" a tratar do assunto Bruno de Carvalho, as "posições difíceis" frente às claques, mas sem que sentisse, na entrevista "crispação" com os adeptos. "Acerca do Rúben Amorim quis matar a polémica", vinca Arantes Fontes, crendo que as finanças têm espaço para ser debatidas nas Assembleia e na campanha, faltando, sim, falar das modalidades.
"Não interpreto os elogios a Amorim como um carta branca. Mesmo que Amorim pense que tem o poder, a decisão é do presidente", afirma Bacelar Gouveia, ex-presidente do Conselho Fiscal durante o primeiro mandato de Bruno de Carvalho, aplaudindo: "Tem feito um bom mandato. Deve ser reeleito. Saímos de um trauma de 18 anos. Veio de uma situação de pré-falência." Aconselha de seguida: "Varandas tem-se concentrado mais no futebol, percebo, mas o Sporting é multidisciplinar. É altura de diversificar e apoiar as modalidades. Podem ser necessários investidores privados e ter o domínio da SAD, mesmo que numa percentagem menor, é ponto de honra."
"Falou sempre bem. Revelou-se um excelente condutor da vida do Sporting. Teve, no ano 2019/20, o ano com mais sucesso em todas as frentes, melhorando as condições financeiras. Não há uma solução melhor do que ele. Não se pendura nos altifalantes, é íntegro, civilizado e transparente", reitera Menezes Rodrigues, ex-vice-presidente, já convertido a Amorim: "Revelou-se um brilhante treinador particularmente na liderança da equipa. Achei que o Sporting era suficientemente grande para evitar os experimentalismos, mas retratei-me e disse que Varandas teve um lampejo em contratá-lo."
Rivais eleitorais discordam
Afonso Pinto Coelho, um dos sócios que levam a cabo o movimento "Hoje e Sempre Sporting" questiona o facto de a entrevista não ter sido transmitida na "Sporting TV" e lembra a "total ausência de explicações sobre a atual situação financeira" e quanto ao "último empréstimo obrigacionista" cujo prazo para regularizar terminou a 31 de dezembro de 2021."
Nuno Sousa, candidato às eleições, também critica: "Não se falou das dívidas aos fornecedores, do aumento exponencial de comissões, das relações próximas a alguns empresários, do incumprimento de 16 M€ com a banca e da antecipação dos direitos televisivos."
Tito Arantes Fontes deixa elogios ao cessante presidente da Mesa
Rogério Alves, presidente da Mesa da Assembleia-Geral, está de saída, avançou Frederico Varandas. Tito Arantes Fontes, presidente do Grupo Stromp e muitas vezes crítico quanto à ação dos adeptos nas AG, aplaudiu o trajeto: "Tenho apreço por ele. Foi meu bastonário [Ordem dos Advogados]. Ser presidente da MAG após Alcochete era uma tarefa que não invejava. Levou a carta a Garcia [cumpriu a missão]. Criou ordem nas AG, com as condições possíveis. Devemos estar agradecidos. Percebeu ser preciso contenção nas palavras. Viu que não tinha de ter destaque na Imprensa".
ANÁLISE À ENTREVISTA
Dois mundos à parte: adeptos conhecidos e ex-dirigentes do Sporting aplaudem palavras na "CNN". Rivais deixam críticas
"Vi inquéritos de satisfação com perguntas mais duras" - Nuno Sousa, candidato às eleições
"A questão da recandidatura era um gato escondido com o rabo de fora. Já estavam pessoas no terreno a angariar assinaturas. Foi uma não-notícia. Quanto à entrevista, já vi inquéritos de satisfação com perguntas mais difíceis. Não se falou das dívidas aos fornecedores, do aumento exponencial de comissões, das relações com alguns empresários, do incumprimento de 16 M€ com a banca, da antecipação de receita dos direitos televisivos...".
"Houve uma total ausência de explicações financeiras" - Afonso Pinto Coelho, "Hoje e Sempre Sporting"
"Não se entende porque a entrevista não foi feita no canal oficial do clube, que devia ser um meio privilegiado de comunicação com os sócios. Depois, houve uma total ausência de explicações sobre a atual situação financeira, quando se sabe, através do prospeto do último empréstimo obrigacionista que o "waiver" dado pela banca para regularizar os compromissos em atraso terminou em 31/Dezembro/2021".
"Amorim foi elogiado, mas não tem carta branca" - Bacelar Gouveia, ex-presidente do Conselho Fiscal
"Penso que as palavras aos rivais foram adequadas. Há dois tipos de linguagem: a técnica e a simbólica. Varandas tem as duas. Quanto à relação com as claques, esta é sempre emotiva, mas é fundamental. O presidente elogiou Rúben Amorim e mesmo que o técnico pense que tem poder por essas palavras, a decisão é sempre do presidente. Foi um discurso de apoio, é necessário, de sintonia. Não acho que Amorim tenha carta branca"
"Achei o ataque mais forte ao FC Porto e não surpreende" - Tito Arantes Fontes, presidente do Grupo Stromp
"Gostei muito da entrevista, pois focou os pontos importantes. Há sempre coisas que faltam: as contas têm sido amplamente debatidas há décadas, mas as modalidades deviam ter sido tocadas. Varandas estava muito calmo. Achei o ataque mais forte ao FC Porto e não surpreende. Elogiou Amorim, mas não se colocou à mercê do treinador. Simplesmente, vincou que era um não assunto e que não tinha plano B: o normal."
"Disse e bem que Bruno de Carvalho ficou resolvido" - Menezes Rodrigues, ex-vice presidente
"A questão financeira do clube é conhecida. Não acho que tenha novidades sobre o tema, daí não ter falado sobre ele, mas detalhou que se pudesse iria reforçar a equipa. Quanto aos rivais, concorde-se ou não, sempre disse que não mudava de opinião. Disse e muito bem que os sócios resolveram o problema Bruno de Carvalho, pedindo que não o achincalhassem. Não há uma solução melhor do que Varandas. Comunica q.b.".
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