"Uma morte nos incêndios vale 80 mil euros, divulgar os e-mails do Nhaga vale 340 mil"
Declarações de Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, esta terça-feira no Porto Canal
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Os emails e a decisão: "O juiz dividiu os e-mails em quatro grupos. Num não há interesse público. São aqueles emails da vigarice das entrevistas do Vieira a A Bola. Segundo o juiz, não tem interesse público. Aquilo era enganar as pessoas. São 40 mil euros por cada email desses. Depois havia os e-mails que podem ter interesse público. Vinte mil euros por cada um. E por fim os e-mails com interesse público, porque afinal eles existem. Dez mil euros por cada um. Parece anedótico, mas é mesmo assim. Em primeira instância era assim, depois os valores desceram para metade Mas ainda havia os e-mails chamados excecionais. São os e-mails que falavam das relações com o Nhaga e foram muito danosas para o Benfica, segundo o juiz. Não tiveram o desconto na Relação."
Abespinhar o Benfica: "Pelas divulgações que só serviram para abespinhar o Benfica, de acordo com o juiz, foram 340 mil euros. Queria só relembrar que o Benfica era o clube que se anunciava como o mais moderno e dez anos à frente. Depois andava a pagar a bruxos. Quanto aos célebres emails dos padres, porque nos critérios de seleção as frases não contribuíam para a compreensão do que se mostrava - e que está agora a ser investigado - não foram selecionados dois trechos. Por isso, 80 mil euros por não ter lido um, 160 mil por não ter sido lido o outro. Estes valores não são razoáveis, são os valores do benfiquistão."
Comparação: "Lembram-se dos terríveis incêndios de 2018? O Estado pagou 80 mil euros por morte, 70 mil pelo sofrimento das vítimas. Uma morte vale 80 mil euros, divulgar os e-mails do Nhaga vale 340 mil euros. Para sustentar os 340 mil euros, o juiz falou na repercussão mediática. Mas, toda a gente sabe que o que teve mais destaque foram os emails dos padres, incluindo imprensa estrangeira, New York Times e The Guardian. Pela morte de dois espanhóis numa arriba em Peniche, em 2005, o Estado foi condenado a pagar 280 mil euros de indemnização.É esta desproporcionalidade que nos indigna".
Ataque informático: "O Benfica foi atacado no sistema informático, mas não fomos nós que fizemos isso, toda a gente sabe o que aconteceu. Mas fomos condenados a pagar o que o Benfica gastou para solidificar o sistema informático, incluindo a contratação de 18 funcionários."
Parecer: "Citando o juiz: 'assente que está a prática de atos de concorrência desleal, serão responsáveis os réeus.' Depois tem aqui uma nota que diz: 'não se seguiu a orientação do parecer elaborado pelo professor Nogueira Serens. O FC Porto juntou um parecer deste que é a maior sumidade do país no que à concorrência desleal diz respeito. E o tribunal diz singelamente que não seguiu a orientação, mas não diz porquê e tem de o fazer. O parecer estava fundamentado. Convém explicar porque não seguiu."
Interesse público: "Fica mal à justiça. Achar que não há interesse público na história do Luciano Gonçalves, o presidente da APAF que pede convites ao Benfica. E isso não é considerado anormal? Tenta-se legitimar fazer as coisas pela porta do cavalo. Esta sentença é muito questionável e tem o pecado de ter sido proferida por um acionista da SAD do Benfica".
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