Nos últimos três anos, e analisando os 25 principais campeonatos europeus, houve três equipas que conseguiram conquistar o título com menos posse de bola: Leicester, PSV e AIK Estocolmo.
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Cumprido o primeiro terço do campeonato, o Braga segue vivo na luta pelo título - o líder FC Porto está a apenas três pontos de distância -, mesmo que tenha apresentado, nestes primeiros 12 jogos, um registo médio de posse de bola inferior aos adversários que já defrontou. Neste capítulo, os arsenalistas são apenas a 10.ª equipa mais produtiva na I Liga, tendo atualmente uma média por partida de apenas 49,7%.
É verdade que há várias formas de ganhar um jogo, e ter mais bola nunca foi, por si só, uma garantia de vitórias, ainda que a realidade também mostre que a quase totalidade dos vencedores dos 25 principais campeonatos europeus tenham terminado as épocas com mais posse de bola do que os adversários que defrontam.
Há, no entanto, exceções, e é a essas que este Braga se agarra para cimentar o sonho do título. O caso mais paradigmático, e até dado como exemplo por vários jogadores do Braga, é o Leicester, que conquistou a Premier League em 2015/16 com uma percentagem baixa (45,2%); PSV Eindhoven (Holanda) e AIK Estocolmo (Suécia) são os exemplos que sobram para dar, aos quais se junta ainda a França no último campeonato do mundo, conquistado com apenas 48,3% de posse de bola.
A verdade é que a equipa de Abel Ferreira raramente acaba um jogo na I Liga com mais bola do que os adversários, ao contrário do que aconteceu na última época (52,9% de média) - será efeito da ausência de André Horta? -, tendo sido o próprio treinador a reconhecer esta lacuna no final do embate com o Tondela. O problema está identificado e tem sido evidente, sobretudo no momento em que a equipa já está a ganhar. Como confidenciou Abel Ferreira, os jogadores não estão a ser capazes de controlar os jogos com bola, vão-se encolhendo com o passar dos minutos, ainda que, para já, sem influência direta nos resultados - por culpa da boa organização defensiva.
Como afirmou uma vez o rei da posse de bola, Pep Guardiola, "o importante não é ter a bola, nem passá-la muitas vezes, mas combinar os passes com uma intenção", e os resultados mostram que o Braga tem sido capaz de fazer isso com eficácia. Se chega para ser campeão, já é outra história...
Curiosamente, o Benfica é a equipa com maior percentagem de posse de bola na presente edição da I Liga (57,4%), seguido de um surpreendente Rio Ave (56,8%) e do líder FC Porto (55,6%).