Matheus Souza, que na época passada representou o adversário do Vitória, ficou surpreendido com a organização do futebol em Malta. Médio que passou por Praiense, Amora e Lourosa conta que o campeão Hamrun tem 11 estrangeiros, “um orçamento estratosférico” e paga ordenados de sete, oito e até 12 mil euros mensais.
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A média de salários de um futebolista em Malta oscila entre os três e os cinco mil euros por mês se estiver num clube que lute pelos seis/sete primeiros lugares da liga principal. A exceção é o emblema que conquistou o título na época passada, o Hamrun. “Tem um dono que investe muito dinheiro e um orçamento estratosférico, quatro vezes superior ao dos outros clubes”, revela Matheus Souza, que passou as últimas épocas em Malta: em 2022/23 no Balzan Youths e na temporada transacta no Floriana. “O Hamrun, que foi campeão, tem 11 estrangeiros, paga ordenados de sete, oito e até 12 mil euros mensais. Na época passada tinha o Marchetti, guarda-redes internacional italiano que jogou na Lázio. Já os que lutam do meio da tabela para baixo pagam cerca de mil euros por mês, nunca mais do que dois mil”, conta o médio luso-brasileiro, que ficou surpreendido com “a organização e com o profissionalismo” que encontrou, além da qualidade. “Há muitos italianos, sérvios, argentinos e brasileiros, que têm contribuído para evolução da liga”.
O jogador que em Portugal representou Praiense, Amora e Lourosa e está agora joga no Luxemburgo, no Strassen, aconselha o Vitória a “ter paciência”. “Vai ter de circular bastante a bola para esperar o momento certo. A receita é não se precipitarem nos primeiros 20/30 minutos. Vai ser difícil encontrar espaço nos primeiros momentos, mas, com a qualidade que possui, o Vitória tem tudo para se qualificar se fizer um bom plano de jogo”, perspetiva, considerando os minhotos “indiscutivelmente favoritos”.
“O Floriana beneficia de o primeiro jogo ser em Malta. O campo é pequeno, sintético, os jogadores do Vitória não estão habituados. O Floriana vai querer dificultar neste primeiro jogo, vai ter pouco a bola e tirar os espaços entre linhas. Com jogadores muito agressivos nos duelos, vão querer segurar o resultado, porque o Vitória em casa é muito forte”, antevê.
Esta quinta-feira, a partir das 18h00, o Vitória joga no reduto do Floriana a primeira mão da segunda pré-eliminatória da Liga Conferência Europa.
Atenção ao criativo
Matheus Souza alerta para a necessidade de ter atenção a Matias Garcia. “É um médio criativo, capaz de resolver a qualquer momento”, conta. O ex-jogador do Floriana destaca também Reyd. “É muito forte fisicamente e bom finalizador”, descreve, considerando-o “mais perigoso” do que Kyrian Nwoko, com quem faz dupla na frente. Oualid El-Asni e Kouros “são a base do sistema defensivo”. “Muitos experientes e jogam muito pesado”, revela.
Fundado em 1894, o Floriana vai defrontar um adversário português pela terceira vez. A primeira sucedeu em 1970, quando o Sporting, de Fernando Vaz, venceu por 5-0 em Alvalade e por 4-0 em Malta. Em 1993, também para a primeira eliminatória da Taça dos Campeões Euro-peus, o FC Porto, de Tomislav Ivic, ganhou 2-0 nas Antas e empatou a zero na visita a Malta.
Nesta fase das pré-eliminatórias, a UEFA ainda não atribui aos clubes participantes na Liga Conferência qualquer prémio monetário por triunfo ou empate. Se o Vitória de Guimarães atingir o objetivo de entrar na agora denominada fase da liga - cada equipa faz seis jogos - já terá garantidos 3,17 milhões de euros. Nesse “campeonato”, um triunfo vale 400 mil euros e um empate 133 mil.
O Floriana , que conta agora com o nigeriano Tony Obonogwu (na foto), que jogou no Feirense, Leça, Sertanense, Graciosa e Celoricense, tem 71 jogos nas provas europeias. Ganhou apenas seis, dois deles na antiga Taça dos Campeões Europeus, um na extinta Taça das Taças, outro na Intertoto. Um na Liga Europa e outro esta época, na Liga Conferência.
Malta tem um salário mínimo de, aproximadamente, mil euros. No ensolarado arquipélago que fica situado no mar Mediterrâneo, um professor ganha, em média, dois mil euros. O transporte é gratuito para os malteses e uma consulta no hospital público também. O pior, lá como cá, é o preço da habitação. Alugar um T2, mesmo fora dos principais centros, custa à volta de mil euros.