Últimos anos mostram tendência: clássicos da segunda volta costumam ser decisivos
Na época passada, o Sporting entrou e saiu do Dragão com dez pontos de avanço. Não sabemos para onde teria ido o campeonato com um triunfo do FC Porto, mas não faltam histórias dramáticas. Os últimos anos mostram uma tendência para os clássicos da segunda volta marcarem fortemente as contas do título
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O que decidem os clássicos da segunda volta? O passado recente diz-nos que, na maior parte das épocas, têm um peso vincado no desfecho do título e é de supor que o confronto de hoje entre FC Porto e Sporting não fuja a essa regra. Dragões e leões vão à luta num limbo que pode cavar uma distância substancial a favor dos portistas, mantê-los confortáveis na liderança ou relançar as contas do campeonato.
Campeão em 2021 ao fim de uma longa espera, o Sporting está menos habituado a clássicos como o de hoje e, curiosamente, viveu os confrontos com os rivais na segunda volta, na época passada, com uma boa dose de conforto. Aliás, chegou a casa do Benfica já campeão e acabou por perder aí a invencibilidade.
Meses antes, entrou e saiu do Dragão com dez pontos de vantagem, num jogo que Rúben Amorim considerou ontem como o "mais importante da época". Para onde teria caminhado a Liga Bwin se a equipa de Sérgio Conceição tivesse vencido essa partida? Só podemos especular, também à boleia das escorregadelas que os leões tiveram mais tarde, mas na memória dos portistas estaria certamente um clássico da época anterior, aquele que de forma mais notória traçou um antes/depois na luta pelo título, nos últimos cinco anos.
O FC Porto bateu o Benfica em casa, encurtou a distância para quatro pontos e, três jornadas depois, já estava na liderança, porque o rival nunca mais se recompôs e ainda perdeu pontos noutros oito encontros. Curiosamente, os azuis e brancos carimbaram o título frente ao Sporting, que fechou a prova com um desaire em casa do Benfica, perdendo assim o acesso direto à Liga Europa.
Se as antevisões dos clássicos falam mais ou menos de consequências decisivas, é sempre por força das circunstâncias que conduziram as equipas a esses cenários. Dos pontos que deixaram cair ou das séries de vitórias perante equipas que oferecem menos mediatismo aos jogos.
Contudo, é impossível olhar para 2019 e 2018 e ignorar a relevância dos clássicos da segunda volta. Aquela recuperação que o FC Porto fizera em 2019/20 sofrera na pele na época anterior, com o Benfica a sair da Invicta com um triunfo por 2-1 e a retoma do primeiro posto. Até ao fim, a luta foi tão renhida quanto polémica, mas a liderança não mais trocaria de mãos.
Mais dramático ainda foi o Benfica-FC Porto de abril de 2018, quando um pontapé de Herrera aos 90" atirou os portistas para o topo e os encarnados para um trauma. Ficaram separados por um ponto a quatro jornadas do fim, mas o Tondela ainda iria assombrar a Luz. E que jogo soltou a festa do FC Porto? Justamente um Sporting-Benfica que terminou empatado. O mesmo resultado, mas em 2016/17, ajudou o Benfica a manter a liderança tal como na receção ao FC Porto, semanas antes. Os dragões não conseguiram passar para a frente e só venceram três das sete rondas que se seguiram.
Esta tendência e até os toque dramáticos mantêm-se se alargássemos a análise a dez épocas, de novo quase sempre com dragões e águias como protagonistas. Porém, é a segunda época seguida que um FC Porto-Sporting está assinalado no mapa do título, mas agora com os papeis invertidos.