Trincão mais perigoso pela esquerda: "Adaptou-se muito bem e gosta de jogar lá"
O treinador Carlos Azenha explica a O JOGO de que forma o ex-Barcelona fica a ganhar por atuar do lado do seu melhor pé e dá até o exemplo de Di María na final do Mundial e de como isso favoreceu a Argentina.
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Trincão foi um dos grandes responsáveis pelo pisão (5-0) que o Sporting deu anteontem no Braga, tendo assistido Paulinho no 2-0 e concretizado ele mesmo o 4-0. Colocado sobre o lado esquerdo do ataque, o ex-Barcelona teve rendimento elevado numa posição que já tinha ocupado esporadicamente, mas que promete vir a desempenhar mais vezes.
Após o encontro, quando questionado se viu um Trincão "mais leve" do lado canhoto, Amorim respondeu: "Melhorou bastante quando foi para a esquerda. Às vezes pensamos muito no que não temos. Adaptou-se muito bem e gosta de jogar lá. Descobrimos um jogador que está a jogar melhor do lado esquerdo."
Quem não tem dúvidas sobre a vantagem de utilizar Trincão, um canhoto, desse lado é Carlos Azenha.
Começando por lembrar que "historicamente, os melhores extremos, como Futre, jogaram sempre pelo lado do melhor pé, antes de surgir a moda dos extremos de pé trocado" e o treinador deu um exemplo para sublinhar a vantagem dessa opção.
"Di María foi fundamental na vitória da Argentina no Mundial, deixou constantemente em dificuldades o lateral-direito francês porque tanto podia ir à linha para cruzar ou fintar e ir para dentro", afirma.
Azenha justifica, depois, porque vê o atacante, que faz 23 anos no dia 29, render mais nessa posição.
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"À esquerda, Trincão, como todos os canhotos, tem a grande vantagem de ter a bola no pé do lado contrário ao do defensor. Fica muito mais difícil tirarem-lha, sobretudo sem falta, e tanto pode atacar o espaço exterior para cruzar - com mais perigo porque a bola tem tendência para ir a fugir dos centrais e guarda-redes -, como o interior para tabelar ou rematar. Foi isso que se viu com o Di María na final", insiste.
Depois dá conta das diferenças que o camisola 17 encontra quando joga à direita. "Nesse lado, Trincão quase nunca ataca a linha e vê-se quase como que obrigado a ir para dentro, o que facilita muito a tarefa de quem defende. A única vantagem é na hora do remate quando ganha espaço enquadrado."
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Olhando ainda à forma de jogar dos leões, em que os atacantes pelas alas não são extremos puros, destaca: "Trincão beneficia ainda de ter no meio um jogador inteligente como é Paulinho, que sabe segurar a bola, fazer tabelas e abrir espaços, como se viu na jogada do 4-0, em que recuou e deu um passe atrasado antes do lançamento para o Nuno Santos que assistiu o Trincão", para concluir:
"À esquerda, alarga também a visão de jogo no momento da receção da bola, o que lhe permite ter melhor leitura para definir as jogadas, seja passando ou atacando os espaços exterior ou interior."