Treinadores e analistas justificam rendimento do Braga: saídas e jovens ditam oscilação
Saídas de atletas importantes, entradas de outros com menor qualidade e uma aposta na formação com riscos naturais de falta de experiência são as razões apontadas para uma época com menos brilho.
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A derrota do Braga na Moldávia, frente ao Sheriff, no primeiro jogo do play-off de acesso aos oitavos de final da Liga Europa, volta a colocar em debate a oscilação de rendimento e de resultados verificados ao longo da época. Se em toda a temporada passada a equipa de Carlos Carvalhal consentiu 12 derrotas em 52 jogos realizados, esta época já vai em 11 e ainda com muitos compromissos pela frente.
O JOGO juntou opiniões de treinadores com a do analista Luís Freitas Lobo e todas elas convergiram em questões como a juventude do plantel, propiciadora de erros, e saídas de jogadores que não foram devidamente colmatadas em termos de qualidade como potenciais justificações para o momento do conjunto bracarense.
A aposta na formação, com o lançamento de vários jogadores (13 estreias na segunda passagem de Carlos Carvalhal pelo banco minhoto), tem sido evidente, embora, de acordo com Luís Freitas Lobo, não explique a oscilação da equipa. "Há, sim, uma descida de qualidade em relação à época anterior. Os jogadores que entraram não colmataram os que saíram em termos de qualidade", defende, lembrando que a aposta nos jovens passou a ser mais evidente após a reformulação de objetivos, isto é, a dificuldade para o Braga andar mais próximo do trio da frente e as saídas da Taça de Portugal e da Taça da Liga.
João Henriques, que esta época orientou o Moreirense, refere que "à exceção da baliza, tem havido trocas consecutivas de laterais, centrais, médios e avançados", depois de "os melhores serem vendidos", o que abriu portas também para a aposta na formação. "Claro que o mercado tem um peso enorme na questão. Basta ver que saiu agora o Galeno. Os novos precisam de mais tempo. Penso que foi consciente a aposta na formação, que é o porta-estandarte do clube, mas a experiência só chega com os minutos. Exigir vitórias e ter paciência ao mesmo tempo é algo difícil no futebol. Mas, apesar de o Braga não estar tão forte como em 2020/21, o quarto lugar está completamente estabilizado e na Europa pode retificar no segundo jogo com o Sheriff."
Carlos Garcia e Zé Nuno Azevedo, treinadores e antigos jogadores do Braga, apontam o acne do plantel e a pouca experiência como justificações para um rendimento instável. "A oscilação tem a ver com a juventude e o erro faz parte do crescimento. Há erros que são suplantados e outros que são sentenças. O erro individual está a acontecer de forma mais continuada", aponta Zé Nuno. "Saíram jogadores com peso. O Galeno era o melhor marcador na Europa", junta Garcia.
Carlos Garcia, treinador
"Acho que se trata de falta de experiência; a equipa é muito jovem e isso paga-se caro. Jogadores com mais tarimba não cometeriam os erros defensivos que temos visto. Saíram jogadores com maturidade e a lesão do Carmo não ajudou. Vá lá que resta ao Braga a superforma do Ricardo Horta."
João Henriques, treinador
"Vários jogadores foram saindo, não só esta época, e os novos precisam de mais tempo. Entendo a aposta na formação, mas isso requer tempo. É algo que tem mais a ver com minutos e não com a idade. Mais minutos na I Liga e na Europa vão trazer outra experiência. É preciso ter paciência."
Zé Nuno Azevedo, treinador
"Tem tudo a ver com as opções tomadas em relação ao plantel. A equipa é extremamente jovem. A oscilação do rendimento tem a ver com a juventude, embora não se deva olhar só para os miúdos. Há outros atletas com experiência e isso devia garantir um rendimento mais estável."
Luís Freitas Lobo, comentador
"O problema vem do início, com um plantel desequilibrado. As saídas não foram devidamente colmatadas. Não vou muito pela questão da juventude, até porque a aposta na formação surge em face da reformulação de objetivos a meio da época. A reconstrução do plantel não teve sucesso."