Avançado gere, com o irmão, uma empresa fundada pelo pai. Tem privilegiado o negócio em detrimento do futebol, mas esta época passou a sonhar com a subida à Liga 3. Escolha do clube no início da temporada depende sempre dos horários dos treinos. Bisou na vitória mais recente do líder da Série B e acredita estarem reunidas "condições" para chegar a outro patamar
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Pedro Miguel de Sousa Rego ou "Totas", como é conhecido no futebol, é sinónimo de golos nos clubes por onde tem passado. Fez, por exemplo, 27 nos 54 jogos ao serviço d"Os Sandinenses, emblema que representou nas últimas duas temporadas, até aparecer o Rebordosa, neste defeso, que lhe acenou com um projeto para atacar a subida à Liga 3. Totas gostou, mas verificou a condição necessária que o tem acompanhado desde que subiu a sénior: treinar em horário pós-laboral, para poder conciliar com o trabalho na empresa da "área de higiene e limpeza", fundada pelo pai e que hoje gere com o irmão.
Cumprido o requisito, Totas assinou pela turma do concelho de Paredes e já está a retribuir a confiança: quatro remates certeiros em sete partidas. Os últimos (bisou) deram o triunfo (2-1) em Anadia, no domingo passado, e ajudaram a manter a liderança da Série B do Campeonato de Portugal. "Chegámos a comentar, no balneário, que queríamos cinco vitórias nas cinco primeiras jornadas, mesmo sabendo que a série está apetrechada com vários históricos, que já andaram noutros patamares", comenta o atacante, 30 anos. "Temos de continuar na senda de vitórias, sabemos que, com uma ou duas escorregadelas, podemos perder esta vantagem".
Natural de Joane (Famalicão), jogou sempre em clubes perto da zona de residência (Fafe, Caçadores das Taipas, Santa Eulália, Joane, Pevidém, Dumiense e Os Sandinenses), precisamente porque não pretende alhear-se da componente empresarial, conjugando-a com o futebol. "Fiquei sempre em clubes próximos e que treinassem à noite. Isso, se calhar, tem-me tirado a possibilidade de lutar por um contexto diferente. No Pevidém, estive quase a subir à II Liga e acabámos por ir para a Liga 3, porque foi no ano em que criaram a competição. Se não treinasse à noite, ia ser extremamente difícil, para não dizer impossível, jogar futebol". Por isso, sabe que os sonhos foram sempre limitados. "Há colegas que dizem que gostavam de chegar à Champions, mas eu nunca pensei muito nisso. O futebol, para mim, é isto: estar perto de casa, a desfrutar. Sempre tive os pés demasiado assentes no chão", garante. O pai, Carlos Rego, foi adjunto de Vítor Paneira, de quem é sobrinho, em clubes como Varzim e Tondela. Crescer nesse meio, com o futebol sempre presente, também o fez primar pela estabilidade. "Hoje podemos achar que estamos bem, mas amanhã cai tudo por terra. Acho que tenho jeito para o futebol, faço isto por gosto e para desfrutar, mas quis sempre algo que fosse estável", sublinha.
Filho de Paneira "deu-lhe" a alcunha
Chamarem-lhe de Totas é algo que já é tão natural que poucos sabem que o nome do avançado é Pedro. A alcunha veio de um primo, filho de Vítor Paneira. "Chamavam-me Pedrocas em pequeno, mas o meu primo dizia Totas. O nome pegou, acharam engraçado, e hoje é assim que toda a gente me conhece", recorda. Quanto ao Rebordosa, acredita em altos voos. "Nos últimos anos, o clube esteve perto dos lugares cimeiros. Este ano, houve um clique e fizeram a aposta que faltou. Estão reunidas as condições para almejarmos a subida", assegura.