Técnico costuma dar sequência a quem se mostra na Taça. Mbemba, por exemplo, fixou-se. Outros perderam-se...
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Uma boa prestação na Taça de Portugal, nomeadamente na primeira eliminatória e com um adversário de escalão inferior, costuma render juros.
Toni Martínez conta que assim seja e tem todo um passado de Sérgio Conceição a dar-lhe alento.
Nos últimos três anos, foram vários os jogadores que se mostraram nesta prova e que tiveram continuidade na equipa logo a seguir. O prémio parece evidente, mas depois depende deles. Uns fixaram-se em definitivo, sendo Mbemba o caso mais óbvio. Outros perderam-se.
O treinador do FC Porto explicou que só dá os minutos que os jogadores fazem por merecer. É nessa lógica que reforçará o investimento no ex-Famalicão. A julgar pela boa resposta de outros, o avançado espanhol não será o único a tirar juros deste momento, mas a verdade é que foi o principal beneficiado. Taremi já jogava regularmente, Romário Baró é opção desde a época passada, Nakajima idem. Sobram Felipe Anderson, que fez uma assistência mas não se destacou tanto, e Carraça, que cumpriu. Toni era, à data, o quarto avançado da hierarquia (Marega, Taremi e Evanilson), a julgar pela utilização.
Se voltarmos ao passado, encontramos dois casos sintomáticos. Mbemba é o mais bem sucedido. É verdade que é suposto que um defesa não sinta problemas contra uma equipa do terceiro escalão, como era o Coimbrões, em 2019/20, mas a exibição agradou e o golo marcado contribuiu para o moral. O congolês estava há um ano no FC Porto sem jogar, mas embalou decisivamente para se constituir alternativa a Pepe e Marcano. Podia ter sucedido com Diogo Leite, mas Conceição escolheu o africano. Diogo Dalot foi chamado à equipa B para um jogo de Taça de Portugal em 2017/18, mostrou-se e voltou a baixar de escalão. Mas o treinador registou a exibição e chamou-o na primeira vez em que precisou de outro lateral. Terminou a jogar contra Liverpoo e Sporting e a ser importante na reta para o título. No final da temporada, rendeu 22 milhões de euros à SAD. O póquer de Adrián López ao Vila Real também o chamou às opções frequentes, mas perdeu impacto e acabou por sair no final da época.
Espírito de grupo encanta o treinador
Se Toni Martínez foi a jogo, também o deve à postura exemplar que tem mantido, mesmo sem ser primeira opção. Quem partilha o espaço de treino com o atacante garante que é sempre dos mais empenhados, mesmo não sendo opção. Mais do que isso, Conceição tem apreciado bastante a atitude do jogador quando este se senta no banco de suplentes ou vai para a bancada. Em Paços de Ferreira, por exemplo, foi dos que mais gritaram para dentro de campo para incentivar os colegas. No banco também não se cansa de aplaudir. A imagem no Barreiro, em que salta para festejar um golo que Evanilson não conseguiu marcar, é ilustrativa. Foi isso até que disse aos colegas, na roda, após o final do desafio. Que quem joga menos é tão importante como quem joga mais e as conquistas serão sempre de todos.
Outros casos
Bazoer
O holandês estreou-se em Vila Real no onze e convenceu, ao ponto de jogar logo a seguir em Moscovo, para a Champions. Fez quatro jogos seguidos e prometia ser um bom reforço, mas chegou atrasado de umas mini-férias e acabou dispensado.
Loum
É o exemplo menos relevante, mas estreou-se a titular num Coimbrões-FC Porto (0-5) em 19/20. Assumiu o onze um mês depois, na sequência de um caso disciplinar de Uribe e esteve em quatro vitórias e um empate decisivos na caminhada para o título. Entretanto, voltou a apagar-se.
Mbemba
Lesionou-se em 2018/19, um dia depois de chegar. Quando voltou era o quarto central e raramente jogou. Em 2019/20 começou como reserva e, antes de marcar no Coimbrões-FC Porto (0-1) só tinha entrado uma vez no onze. Depois, foi primeira opção em sete dos oito jogos seguintes e o resto da época é o que se reconhece. Terminou como indiscutível e a bisar na final da Taça, contra o Benfica (2-1). Agora, na Taça, já é poupado...
Diego Reyes
Chegou ao 11.º jogo da época, o mesmo Lusitano-FC Porto, com apenas 19 minutos somados. Registou a primeira titularidade e 11 dias depois estava a repeti-la. Em dezembro, sentou Felipe e assumiu-se titular. Voltou a perder o lugar no eixo, mas foi utilizado muitas vezes para gerir a equipa e em situações tão específicas como importantes. Fechou a época com 24 desafios, 1490 minutos.
Hernâni
O Lusitano-FC Porto (0-6) também foi a sua primeira titularidade. Marcou um golo e foi uma das figuras da equipa. Tinhas três utilizações esporádicas até então, engatou quatro jogos seguidos (!) logo a seguir. Conceição nunca o teve como titular, mas chegou a negar-lhe a saída porque apreciava a forma como agitava os jogos. Nunca teve a sequência de que gostaria, mas a verdade é que a Taça lhe reforçou as oportunidades.
Adrián López
O espanhol foi sempre um mal amado no FC Porto e raramente conseguiu ser útil. Como muitos outros, foi repescado por Conceição após empréstimo. O treinador chegou a ser criticado por isso, mas o espanhol foi mais útil em 2018/19 do que alguma vez antes no FC Porto. Em Vila Real, na primeira eliminatória da Taça 2018/19, assinou um inédito póquer e chegou-se à frente para somar 25 desafios (recorde de azul e branco), com meia-final e final de Taça incluídas, receção ao Benfica na Liga também. Foi decisivo em Roma, na Champions.
Diogo Dalot
Diogo Dalot estreou-se pela equipa principal na primeira eliminatória da Taça de Portugal em 2017/18. Fez um assistência para golo nos 6-0 ao Lusitano de Évora. Jovem promissor, então na equipa B, ganhou o direito de passar a trabalhar mais próximo da equipa A, para onde subiu em definitivo três meses depois. Terminou a época a jogar, à direita e à esquerda. Depois apareceu o Manchester United e pagou 22 milhões de euros por ele.