Dylan Collard é um dos esteios de uma equipa que não sofre golos há quatro jogos e fez uma sensacional segunda volta. Central ex-Marítimo enaltece o papel que o treinador Pedro Miguel teve no grupo e assume, sem rodeios, que o leão quer atacar a II Liga. Tem 2,01 metros e quer afirmar-se no futebol nacional.
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Doze jogos sem perder, com nove vitórias e três empates, somente cinco golos sofridos e quatro partidas seguidas com a baliza a zero são números que valeram ao Lourosa, em cima da linha de meta, fechar a primeira fase da Liga 3 vencendo a Série A. O apuramento para a fase de subida foi conseguido graças a uma segunda volta feita de 24 pontos em 27 possíveis.
Dylan Collard, central que desde 2020 jogava no Marítimo e que esta temporada rumou a Lourosa, explicou a O JOGO os segredos da retoma. “Deveu-se ao grupo, às pessoas do clube, aos adeptos. Houve uma união incrível de toda a gente para conseguir dar a volta. Através de muito trabalho e sacrifício, conseguimos.” Pedro Miguel, que substituiu Renato Coimbra no comando técnico, alavancou a recuperação lusitanista e o defesa nascido em Sydney (Austrália) aplaude o treinador. “Entrou numa fase difícil e conseguiu agarrar o grupo, apresentou as ideias dele e conseguiu cativar-nos”, sintetiza. Sem rodeios, Dylan assume que o objetivo é “a subida”. “Apesar de não começarmos da melhor maneira, nunca deixámos de acreditar que mais cedo ou mais tarde iríamos estar na fase final. Agora, toda a gente no clube só pensa na subida e vamos fazer tudo para isso. Podem contar connosco”, promete.
Natural da Austrália, com raízes nas Maurícias e passaporte português - a mãe é madeirense -, Dylan esteve quatro anos no Marítimo e sentiu que “precisava de uma mudança”. “Estando no conforto, às vezes perdemos o foco. Numa conversa com o meu agente, Carlos Oliveira, ele explicou-me isso. Já tinha jogado contra o Lourosa, quando estava no Marítimo B, e sabia que era um grande ambiente. Tive uma conversa com o diretor geral, Nuno Correia, que é uma pessoa importante nesta estrutura, pois está sempre presente, e ele cativou-me”, enaltece o defesa. “Sinto-me mais agressivo, adaptei-me, e começo a ver os frutos dessa mudança. Estou a conseguir impor o meu jogo e sinto-me mais forte do que nunca”, acrescenta.
Os 2,01 metros de altura dão nas vistas em campo, mas as qualidades do defesa não se limitam à capacidade física. “As pessoas falam na altura, força, técnica, mas a minha característica mais forte é a mentalidade, a maneira de trabalhar. Trabalho para ser a melhor versão de mim e depois os resultados aparecem. Trabalho, esforço e dedicação, ninguém pode apontar-me nada”, diz. Na formação, Dylan passou pelas camadas jovens de Benfica, Casa Pia, Esperança de Lagos, Nacional, Belenenses e Tondela. Os primeiros tempos no Seixal não foram fáceis. “Tinha acabado de chegar da Austrália quando fui para o Benfica, nem falava português. Às vezes até troco camisolas com colegas com quem me cruzei no Benfica. Esses anos foram importantes para mim. Na altura era próximo do Tiago Dantas, joguei com o Pedro Álvaro, o Nóbrega. Na Taça de Portugal contra o Chaves apanhei o André Ricardo, entre outros”, recorda. Com apenas um jogo efetuado na I Liga, o central deseja afirmar-se no mais alto patamar do futebol português. “Fiz um jogo na I Liga pelo Marítimo, no ano da descida. Gostava de jogar na I Liga e na liga inglesa, mas, para já, o objetivo é a subida de divisão pelo Lourosa”, termina.
Mãe da Madeira e pai das Maurícias
No sangue de Dylan Collard corre uma mistura de nacionalidades. Nasceu na Austrália, filho de mãe portuguesa (madeirense) e pai das Ilhas Maurícias, e depois rumou a Portugal. No entanto, a carreira internacional está a ser feita pela seleção das Maurícias. “No início queria jogar pela Austrália, mas fui pela primeira vez às Ilhas Maurícias e senti-me em casa, senti que havia muita margem de progressão e que era uma oportunidade para fazer a diferença. É uma seleção que tem as suas dificuldades, está em baixo no ranking mundial, mas até ao final da carreira gostava de estar presente numa CAN. É um sonho”, refere.