"Tinha vontade de voltar a Portugal e achei o projeto do Atlético interessante"
Nikola Popovic mostra-se satisfeito pela forma como os jogadores do Atlético receberam as ideias e pela liderança na primeira fase
Corpo do artigo
Nikola Popovic foi o escolhido para orientar o Atlético esta época. O treinador de 51 anos, nascido na Sérvia, mas filho de mãe portuguesa, tem uma vasta passagem experiência internacional e, a O JOGO, falou do regresso a Portugal, até agora com ótimos resultados. Contudo, apesar de satisfeito com o primeiro lugar alcançado na primeira fase alcantarenses, o técnico considera que o mais importante tem sido a evolução do processo e não assume a candidatura à subida.
O Atlético acabou em primeiro lugar da série B. Qual foi o segredo desta boa campanha?
-Há três situações muito importantes numa equipa de futebol. Metodologia, modelo de jogo e cultura. Penso que nestes três campos temos sido muito consistentes. Obviamente que implementar uma cultura acaba por ser o mais difícil, porque estamos a mexer num comportamento. Quanto ao modelo de jogo, tentamos construir algo que seja desafiante e também atrativo para quem joga, e para quem vê na bancada.
Como é que surgiu a oportunidade de abraçar este desafio?
-Tinha vontade de voltar a Portugal, porque tenho cá a minha família. Surgiu um contacto do Atlético e achei este projeto interessante, além de extremamente desafiante. A SAD sabe exatamente para onde quer ir, mas tudo precisa do seu tempo e, felizmente, estão a ser criados os alicerces para que se cumpram os objetivos futuros.
E esses objetivos passam por subir à II Liga já este ano?
-Penso o trabalho diário está a ser bem feito. Neste momento, estamos focados no processo e em entrar para os jogos com mentalidade vencedora.
Mas depois de ter vencido a sua série, o Atlético não se assume como candidato à subida?
Percebo a pergunta, mas volto a repetir, estamos apenas focados no próximo jogo e em criar uma cultura e identidade fortes. Se formos uma equipa regular, vamos estar sempre mais perto da vitória.
Falou que tentou implementar uma nova cultura no Atlético. Que cultura foi essa?
-Uma cultura com treinos fortes e que nos vão levar ao sucesso. Além de também implementar o respeito, energia positiva e fazer passar que o clube está acima dos interesses individuais.
Como é que os jogadores receberam as suas ideias?
-Todos eles têm uma grande maturidade e são muito inteligentes. Apesar de o modelo de jogo ser exigente, está a ser bem assimilado. Embora ainda precisemos de progredir em alguns aspetos, acredito que estamos no bom caminho.
Na primeira fase, o Elias foi quem que se destacou, com 13 golos. Qual a importância de ter um avançado como ele?
-Tem sido muito consistente, pela capacidade de finalizar. Além de se destacar nos golos, também é um excelente ser humano. Há um ambiente saudável no grupo, o que permite que a maioria dos jogadores tenha um bom desempenho.
O Atlético também foi a defesa menos batida da série B. Também tentou implementar rigor defensivo no grupo?
-Sim e os jogadores têm sido brilhantes nesse aspeto. Na última experiência que tive na Sérvia, trabalhei com alguém que jogou em Itália muitos anos [Dejan Stankovic] e dediquei-me a desenvolver um pouco a desenvolver o processo defensivo.
Agora, na segunda fase da Liga 3, o que pode fazer a diferença?
-É uma fase mais curta e com algumas situações específicas. Por exemplo, no inverno alguns campos podem não estar nas melhores condições e, quem for capaz de se adaptar às circunstâncias, vai alcançar os seus objetivos.
Em sua opinião, quais os principais candidatos à subida?
-É difícil responder. Esta é uma liga muito equilibrada e viu-se na primeira fase que o primeiro pode perder com o último. Nesta altura, vão estar em prova as melhores equipas deste escalão e vai haver ainda mais equilíbrio.
O primeiro jogo do Atlético na segunda fase é em casa do Belenenses. Que tipo de adversário espera, uma vez que mudou recentemente de treinador?
-Será mais complicado de preparar e temos de estar prontos para vários cenários. Conhecemos a forma de jogar das equipas do João Nuno e é provável que apresente algumas dinâmicas semelhantes às que tinha o 1.º Dezembro.
De Portugal para outros nove países e sete troféus conquistados
Nikola Popovic cresceu em Portugal e foi aqui que começou a trabalhar, arrancando no Olivais e Moscavide, já há cerca de 20 anos. Entretanto, passou por outros nove países: Bulgária, Espanha, Cabo Verde, Emirados Árabes Unidos, Catar, Estados Unidos da América, Canadá, Eslováquia e Sérvia. “Estas experiências ajudaram-me a construir uma ideia de onde quero estar e qual a ideologia a implementar. Felizmente, tive a sorte de trabalhar com grandes treinadores e jogadores”, recorda o treinador do Atlético, que, entre outros, foi adjunto de Hélder Cristóvão, Nélson Veríssimo, João de Deus, Bubista e Dejan Stankovic. Nas equipas técnicas do qual fez parte, conquistou sete troféus e orientou também alguns internacionais portugueses, como Miguel Veloso, Rúben Dias, Renato Sanches e Gonçalo Guedes.