Tiago Pinto: "Não tenho dúvidas de que há clubes a esconderem casos de covid-19"
Diretor geral do futebol do Benfica faz um balanço do tempo nos encarnados antes de rumar a Itália e revela arrependimento por ter optado pela política de divulgação dos nomes dos atletas infetados, que diz não ser seguida por outros clubes
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Em entrevista à "BTV", Tiago Pinto, diretor geral do futebol do Benfica, fez um balanço de oito anos ao serviço do clube agora que está de partida para a Roma. Depois de cinco anos nas modalidades e quase três anos e meio perto dos relvados da equipa A elege decisões acertadas e erradas, com a pandemia à cabeça.
"Um diretor geral toma centenas de decisões por dia. Se não se arrepender de alguma é porque não tem noção ou por ser muito convencido. Orgulho-me da reestruturação do scouting, de com o Rui Vitória termos o Elite Player Group, no qual se trabalharam 11 jogadores que estavam na rota da equipa principal como Ferro, Jota, Gedson, João Félix ou Florentino. Arrependo-me de muitas decisões também. Ainda hoje comentei com a minha malta: decidimos, no início da pandemia, que o Benfica, para dar o exemplo e ser um clube eticamente responsável, iria combinar com os jogadores e as suas famílias que sempre que houvesse um caso positivo de covid-19 diria quem era. Para dar o exemplo e não estigmatizar as pessoas que tinham covid, e porque era uma questão para lá da rivalidade e do futebol. Hoje em dia estou arrependido por tudo o que se tem feito à volta dos nomes do Benfica e por outros clubes não terem essa abertura", explicou. E questionado pela BTV sobre "se há clubes que escondem" casos, e sem especificar se há a ocultação da identidade ou a existência, de facto, de mais situações além das identificadas, atirou: "Não tenho dúvidas nenhumas, não tenho dúvidas nenhumas. E pela forma como os casos do Benfica acabam por ter um tratamento diferente, hoje em dia estou arrependido dessa decisão."
Tiago Pinto atribuiu ainda à pandemia alguma da atual falta de capacidade da equipa. "Claro, somos conscientes do que somos e do que podemos fazer. As grandes equipas da Europa passam dificuldades: isto não é só pela ausência de adeptos, mas a competição está concentrada com jogos de três em três dias e tivemos três paragens para as seleções que retira tempo aos treinadores. Ressentem-se mais as equipas que mudaram de treinador e precisam de tempo para assimilar processos", afirma.