Tiago Morgado em destaque no Atlético: "A idade vai passando, deixámos de sonhar tão alto..."
Atlético Clube subiu de divisão em duas épocas seguidas e, segundo Tiago Morgado, há margem para voltar a acreditar
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Campeão distrital da Associação de Futebol de Lisboa, o Atlético subiu ao Campeonato de Portugal na época passada, tendo voltado a sagrar-se campeão, o que lhe valeu a ascensão à Liga 3. Neste ano de estreia na prova criada pela FPF, o emblema da Tapadinha segue no segundo lugar da Série B, a apenas dois pontos do líder Covilhã. Na sexta-feira haverá um duelo entre ambos pela liderança, no qual Tiago Morgado prevê dificuldades. Ainda assim, o médio, que passou pela formação do Sporting e compete pela terceira temporada na Liga 3, após experiências no Real e Alverca, acredita que o plantel tem qualidade para sonhar.
Neste ano de estreia na Liga 3, o Atlético está em segundo lugar, apenas a dois pontos do Covilhã. Esta campanha está a ser uma surpresa?
-Com o plantel que fomos construindo, estávamos esperançosos de conseguir fazer uma boa campanha. Para a maioria das pessoas estamos a surpreender, elevámos um bocado as expectativas, mas sabíamos que isso era uma possibilidade. Sabíamos que era possível fazer coisas boas e estamos a ir atrás do sonho.
O plantel mudou muito?
-Tem muito a ver com os jogadores que se foram buscar, a equipa técnica que se manteve e com o grupo que se criou. Já havia um bocado a tradição de ter grupos fortes e esse foi um dos objetivos para esta época, melhorar a qualidade da equipa e manter uma base do ano anterior. Creio que 50 por cento dos jogadores mantiveram-se.
Na sexta-feira há um duelo pela liderança frente ao Covilhã. Quais são as perspetivas para esse jogo e os perigos que o adversário pode criar ao Atlético?
-É difícil fazer prognósticos para um jogo tão equilibrado como este. A concentração não pode falhar um minuto, pois em qualquer momento pode haver um detalhe que faça a diferença. Perspetiva-se um jogo intenso, onde a equipa mais equilibrada em todos os momentos terá mais hipóteses de ganhar. O Covilhã é uma equipa que conta com jogadores bastante experientes e com qualidade em todos os setores, por isso é difícil definir o maior perigo por parte do adversário. Temos de ser fortes tanto na bola corrida como parada, pois eles já demonstraram conseguir fazer a diferença.
Na sexta-feira discute-se a liderança da Série B, com a receção do Atlético ao líder Covilhã. O médio, que compete pelo terceiro ano consecutivo na Liga 3, após experiências no Real e Alverca, está otimista.
O facto de Zorro já se encontrar no comando do clube há quatro épocas é uma vantagem?
-O grupo já se conhece, o treinador acolhe bem e gosta da ideia de um grupo forte. Conseguiram duas subidas seguidas, acho que é importante manter uma base e tentar melhorar com algumas contratações. Foi a primeira vez que trabalhei com ele, tinham-me falado bem e sabia que ia ter alguns amigos aqui, o que facilita. Temos praticado um futebol positivo, tendo como base uma equipa organizada e que procura ser equilibrada.
Tendo jogado a Liga 3 por três clubes diferentes, lidou com experiências distintas. Sente que há condições para a subida do Atlético?
-Gostei dos três anos em que estive na Liga 3. Conseguimos construir um bom grupo, elevámos as expectativas e estamos a lutar por um lugar na fase de subida, para a qual temos grandes expectativas. A nível de experiência, é difícil dizer qual gostei mais. O Real já era a minha casa há alguns anos, tinha um bom grupo, com alguns jogadores que até estão comigo este ano. No Alverca fui muito preponderante na equipa, conseguimos ir à fase de subida e a parte mais chata foi ter-me lesionado na segunda metade da época. Depois, não houve renovação de contrato, estava livre, houve outra possibilidade de Liga 3, mas jogar no Atlético foi o que me fascinou mais.
É um dos jogadores mais utilizados pelo treinador. Aos 30 anos ainda acredita que poderá dar o salto?
-É um sonho que está sempre presente. A idade vai passando, deixámos de sonhar tão alto, mas estamos sempre à espera de coisas novas, dependendo também dos números que consigamos fazer durante a época. Claro que acredito, mesmo sabendo que é difícil. Já cheguei a jogar na II Liga [Real] e I Liga [Moreirense].
Como se define como jogador?
-Sou um jogador que dá sempre tudo e penso que consigo também dar alguma qualidade ao jogo. Sou intenso e tento manter uma certa regularidade ao longo da temporada.
Tiago Morgado começou a jogar futebol no Carcavelos e no período de formação passou pelas escolas do Sporting, onde trabalhou com Ricardo Esgaio, João Mário, Ricardo Pereira e Afonso Figueiredo, entre outros. No Moreirense teve uma das experiências mais enriquecedoras.
“Foi marcante, porque ganhámos uma Taça da Liga com o Augusto Inácio, em que eliminámos o Benfica nas ‘meias’ e o Braga na final”, contou o médio, que na I Liga não era muito utilizado, mas na Taça da Liga participou em três jogos. Com dois golos e duas assistências pelo Atlético, Morgado admite que tem bons números, mas quer mais e olha com atenção para dois exemplos. “Tenho sempre o objetivo de fazer mais e melhor. Gosto de médios influentes como Bruno Fernandes e Kevin de Bruyne”, explicou.