Sporting diz que Sporar e Nuno Mendes eram falsos positivos. FC Porto ameaça presença na final four.
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O início da noite de ontem antecipou o confronto entre Sporting e FC Porto, semifinalistas da Taça da Liga, ainda que fora de campo e com troca de acusações na sequência dos "falsos positivos" de Nuno Mendes e Sporar à covid-19, situação que segundo o responsável pelo departamento clínico dos verdes e brancos, João Pedro Araújo, recolocou a dupla nas opções de Rúben Amorim, depois de terem falhado a receção ao Rio Ave.
Os dragões foram perentórios na reação e apontaram para um "crime público", primeiro pelo seu diretor de comunicação, Francisco J. Marques, e logo a seguir através de um comunicado onde garantem ter exposto a situação à Liga, Direção-Geral da Saúde (DGS) e ainda à Ordem dos Médicos, ameaçando, por fim, a participação na final four da prova. "Comunicámos na expectativa de que as autoridades façam cumprir a lei, sob pena de ter de repensar a participação na final four da Taça da Liga, para defesa de todos os intervenientes. É uma questão de saúde pública.", reafirmam os dragões.
Antes do lançamento do clássico pelo Sporting, o médico dos leões garantiu que os exames positivos realizados pela dupla já referida acabaram por ser desmentidos por novos testes PCR efetuados dois e três dias depois (15 e 16). "Podemos concluir que foram falsos positivos", avaliou, assumindo que o erro, ainda por identificar, pode ter por base uma eventual "contaminação da amostra", na recolha ou no seu processamento. Francisco J. Marques lembrou os protocolos da DGS e que os infetados, mesmo que assintomáticos, devem ficar pelo menos dez dias em isolamento. Vincou ainda, que o Sporting se está a deixar seduzir "pela miragem da vitória a qualquer preço". No comunicado, visa-se mesmo Frederico Varandas, líder dos leões: "Esta antecipação em seis dias do fim do isolamento dos dois jogadores do Sporting é um crime público, inaceitável numa altura em que Portugal é líder mundial do número de novos casos por milhão de habitantes e numa fase em que todos os dias se bate o recorde nacional de mortes por esta doença. E é ainda mais incompreensível por ser cometido por um clube presidido por um médico."
Em ritmo de resposta e contra resposta, foi então a vez de Miguel Braga, responsável pela comunicação sportinguista, ripostar. "Não é preciso o FC Porto ir falar com a DGS ou com a Liga, porque o Sporting já o fez, já deu os elementos a quem de direito. Para além das pressões e ameaças pública... Se não quiserem jogar, muito bem, melhor para nós que estamos logo na final. Continuam a incendiar o futebol português, com um chorrilho de mentiras", atirou na televisão do clube, onde garantiu que o laboratório responsável pelos testes de dia 13 "admitiu o erro". O JOGO contactou a Unilabs, que o desmentiu.
Agora, palavra à Liga
A celeuma criada ontem será hoje - ou não - desfeita na reunião de preparação para o jogo, que está prevista para a parte da manhã. Como é hábito, será liderada pelo árbitro, João Pinheiro, e terá responsáveis da Liga, assim como os delegados de FC Porto e Sporting, para além de agentes de segurança e de saúde. É nesse encontro que poderão eventualmente ser verificados todos os documentos. Se ficar provado, sem dúvida, que Nuno Mendes e Sporar testaram falsos positivos então podem ir a jogo. Caso contrário, não. No último comunicado de ontem, os leões garantem que "nenhum dos jogadores em causa consta da plataforma oficial de identificação de casos positivos".
Unilabs desmente leões
Maia Gonçalves, diretor clínico da Unilabs, nega que tenha assumido qualquer erro junto do Sporting. "Sei que foram positivos e depois foram fazer testes noutros laboratórios distintos. Da nossa parte não há nenhuma assunção de erro, porque não há erro. Assinei os testes como positivos. Tudo o que se passou depois daí, não faço ideia. Não fomos contactados", garantiu a O JOGO, pouco depois de Miguel Braga (Sporting) ter dito que o laboratório que testou Nuno Mendes e Sporar confirmou o falso positivo "Quando um laboratório comete um erro tem de pedir à DGS para alterar. Não houve nenhum pedido de alteração na base de dados para os casos do Sporting que declarámos como positivos. Quando uma entidade que tem médicos ao barulho, como o Sporting, desconfia de um positivo, seja porque o jogador é assintomático, pelo contexto, ou porque o resultado foi inesperado, o médico do clube liga a dizer para se repetir o teste. Ninguém no Sporting o pediu", insistiu, lamentando toda esta situação. "Os problemas que há não são das colheitas. O teste tem uma sensibilidade à volta dos 90%. Há 10% de falsos negativos e há 2/3% de falsos positivos. Temos 170 pessoas a morrer por dia, tudo o que temos para lutar contra este vírus é a vacina, os testes e o confinamento. Estar a pôr em causa a fiabilidade dos testes é muito mau. Não imaginam o que é ver pessoas a morrer, algumas sem poderem ser visitadas pelos médicos", encerrou.
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