ENTREVISTA, PARTE II - Nos primeiros três jogos da época, Alex Telles foi o titular, Zaidu o suplente. O "jeito simples" do ex-Santa Clara conquistou toda a gente e a evolução remete-o para "grandes voos". Alex Telles até vibrou no golo ao Marselha.
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O plantel do FC Porto é praticamente igual ao que Alex Telles deixou. Chegaram Sarr, Felipe Anderson e Grujic, mas os outros reforços já estavam no Dragão quando o brasileiro saiu. Zaidu, o sucessor à esquerda, também. E o brasileiro até foi um conselheiro nos primeiros dias.
"Mostrava-se interessado desde o primeiro dia, perguntava como o mister gostava de jogar e a mim perguntou como poderia melhorar nos cruzamentos e nas bolas paradas"
O seu substituto, Zaidu, coincidiu consigo durante mais de um mês. Que tipo de jogador "recebeu" e como vê esta afirmação dele?
-Quando o Zaidu chegou, foi muito positivo para mim, porque tinha um jogador para partilhar a posição e a tal competitividade sadia. O grupo precisava disso em todas as posições. Veio para nos ajudar, com aquela forma simples com que chegou e sempre muito trabalhador. Lembro que nos primeiros treinos perguntava como o mister gostava de jogar ou trabalhar, mostrava-se muito interessado desde o primeiro dia, sempre no canto dele, procurando escutar toda a gente. Lembro-me que me perguntou como poderia melhorar os cruzamentos e as bolas paradas. Fiquei muito feliz de poder ajudar da forma como eu entendia. Quando chegou o momento de sair, conversei com ele, desejei toda a sorte do mundo. Tinha já a certeza e hoje, depois dos jogos que o Zaidu tem feito, tenho mais: vai-se afirmar por muito tempo no FC Porto, primeiro pela pessoa que é, é espetacular e toda a gente percebe isso, depois pela qualidade que tem, pela velocidade, pelos sprints que dá no jogo, pela forma com defende e ataca ao mesmo tempo com a mesma velocidade. É uma forma de jogar de que o mister gosta muito. Não tenho dúvidas que vai ter grandes voos no clube. Quando fez golo na Champions, em Marselha, fiquei muito feliz. Estava a assistir. Fico muito feliz não só por ele como por todos os meus amigos que deixei aí.
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Tem falado com alguns deles?
-Falo todos os dias, temos grupos no whatsapp. Até quando eu jogo aqui e eles em Portugal trocamos ideias sobre os jogos. Passámos muitos anos juntos é difícil não ter essa relação diária, essas brincadeiras, a troca de ideias. Tenho uma grande relação com eles, deixei grandes amigos e não quero perder esses contactos, porque Portugal está no meu coração e, sempre que der, quero ir aí visitar toda a gente.
Voltando ao Zaidu... O jogador que vê agora já é um Zaidu diferente daquele que conheceu?
-Claro. Chegando a um clube é preciso adaptar-se, tanto ao clube como à forma de trabalhar. Ele tem uma margem grande de crescimento. Conhecendo a forma de trabalhar do Sérgio Conceição tenho a certeza que ele já evoluiu muito e vai evoluir muito mais. Vejo-o muito mais maduro, mais seguro. O trabalho que o mister faz, a segurança e confiança que passa ao atleta, ajuda muito. Ele é um miúdo inteligente e com certeza já está evoluindo bastante.
Disse que o Zaidu lhe pediu ajuda para cruzar melhor. Qual é, afinal, o segredo? Quantas horas de trabalho isso lhe custa?
-Quem me conhece sabe que sou muito exigente, não consigo fazer as coisas pela metade. Gosto de aprimorar e nos últimos anos aprimorei o cruzamento e as bolas paradas. Esse tipo de jogadas, confesso, começaram a dar mais certo no FC Porto. Antes não era de muitas assistências. Comecei a treinar mais, hoje fico mais 10/15 minutos a fazer cruzamentos, bolas paradas. De certa forma, sei que as bolas paradas podem fazer a diferença. Sei que posso ajudar dessa forma e é um diferencial que posso aprimorar.
Pepe
"É um dos líderes do balneário e merece a braçadeira "
Alex Telles era um dos capitães do FC Porto no momento em que saiu. Danilo, o principal, transferiu-se na mesma altura e Marcano está lesionado e não pode usar a braçadeira. Pepe ficou com o encargo principal e bem, acredita o esquerdino que, ainda assim, fala de uma liderança repartida, por ideologia de Sérgio Conceição. "O Pepe tem uma história muito bonita no futebol, é um jogador que tem uma grande experiência, é um jogador de seleção portuguesa. Pela história e pela liderança, com certeza que merece a faixa de capitão. É um dos líderes do balneário, mas como conheço a forma como o treinador gosta de trabalhar, ele sempre elege mais do que um jogador e todos os que ali estão têm uma liderança boa e fazem-no pelo bem do grupo. Todos são importantes. O FC Porto não ficou órfão de líderes, com certeza que não.
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