Taremi reina entre os pares: um avançado "intruso" com queda para as assistências
Taremi é um intruso num mundo dominado por laterais, médios e extremos. Parceiros do ataque foram os maiores beneficiários das ofertas. Só Otávio o acompanha na última época e meia
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Num momento da história em que o último passe tem ganho cada vez mais importância em comparação com o passado, Taremi vai-se assumindo como um atacante diferenciado, juntando o melhor dos dois mundos. Tal como na jornada anterior, com o Benfica, também terminou o encontro com o Estoril com um golo e uma assistência, por sinal a vigésima oferta desde que se estreou pelos azuis e brancos.
A meta já foi cruzada por vários jogadores ao longo da história do FC Porto, mas nenhum avançado desde o começo do século a alcançou em tão pouco tempo como o iraniano, que no espaço de um ano e meio surge como um intruso num mundo habitualmente dominado por laterais, médios e extremos.
Mehdi levou 74 jogos para alcançar as duas dezenas de assistências para um companheiro, batendo ao sprint todos os antecessores, incluindo aqueles que numa fase inicial do percurso no Dragão atuaram fora da denominada zona do ponta de lança, como, por exemplo, Hulk e Lisandro - o brasileiro ocupou-a mais vezes com Vítor Pereira, o argentino só se fixou lá vários após uma passagem pelo flanco direito.
O despertar desta característica de Taremi deu-se precisamente com a mudança para o FC Porto. Na época de estreia em Portugal, pelo Rio Ave, o atacante fez apenas uma assistência, mas o trabalho invisível que foi realizando com Sérgio Conceição acrescentou-lhe uma valência que até a seleção do Irão aproveitou.
Por força da presença de Marega no onze e da sua constante procura do espaço na profundidade, o treinador dos azuis e brancos tentou aperfeiçoar o jogo entre linhas de Mehdi e foi precisamente para o maliano que este realizou a primeira assistência de azul e branco. Foi contra o Nacional, apenas ao 16.º desafio pelos dragões.
Desde então acrescentou-lhe mais 19, nove das quais para os parceiros de ataque: Marega (mais uma), Evanilson (quatro) e Toni Martínez (quatro). Até Luis Díaz, o atual melhor marcador da equipa esta temporada e grande figura do campeonato até ao momento, beneficiou das ofertas do 9 portista: três em 2020/21 e duas em 2021/22. Sérgio Oliveira (duas), Uribe (uma), Fábio Vieira (uma) e Otávio (uma) foram os outros a marcar na sequência de passes de Taremi, sendo que o brasileiro é o único que o consegue acompanhar no número de assistências efetuadas durante a última época e meia.
O ligeiro recuro no terreno e a grande capacidade que vai demonstrando para servir os companheiros, todavia, não lhe retirou o faro pelo baliza, como se percebeu pelos últimos jogos. O "bis" (golo e assistência) que alcançou com o Benfica e Estoril foi o sexto da carreira em Portugal, depois de já o ter logrado contra Nacional (Taça de Portugal), Famalicão, Farense e Belenenses em 2020/21.
O soldado vítima de mal-entendido
O machado de guerra entre Taremi e Skocic foi enterrado numa chamada telefónica patrocinada pelo presidente da Federação Iraniana e o selecionador até já anunciou a inclusão do avançado do FC Porto na convocatória para os jogos com o Iraque e os Emirados Árabes Unidos, no final deste mês, conforme O JOGO escreveu. Um desfecho que deixou o diretor-desportivo da seleção satisfeito.
"Tinha dito que o problema se resolveria e que não era complicado. O Mehdi é um soldado deste país e da equipa nacional. Queria jogar pela seleção e fazer as pessoas felizes. As palavras do Mehdi foram mal interpretadas. O presidente da Federação [Aziz Khaden] falou com os dois", afirmou Mojtaba Khorshidi.
A chamada de Taremi à seleção é um problema para o FC Porto, já que não poderá contar com ele para o embate do campeonato, com o Marítimo.