No sábado, numa transmissão da Eleven Sports da World Padel Tour, um narrador enalteceu a honestidade de um atleta com a nota de que "não há Taremis aqui".
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O nome de Mehdi Taremi voltou a passar pela narração de outra modalidade que não o futebol, e de uma forma muito pouco abonatória, relançando o jogador do FC Porto para a discussão. No sábado, numa transmissão da Eleven Sports da World Padel Tour, um narrador enalteceu a honestidade de um atleta com a nota de que "não há Taremis aqui".
Vítor Bruno, treinador adjunto dos dragões, mostrou-se "incrédulo" com o que considerou um "triste episódio" e lembrou que o avançado já trabalhara com dois técnicos portugueses, Carlos Carvalhal, no Rio Ave, e Carlos Queiroz, na seleção do Irão: "Ambos são unânimes em destacar as suas qualidades humanas e profissionais."
A dupla acedeu a comentar o tema a O JOGO e a conclusão é clara: há exagero nas críticas, mas o avançado tem o que é preciso para passar por cima do ruído.
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"Não acho que o vá influenciar minimamente. A forma como joga e se antecipa, como desacelera e acelera, faz com o que o adversário pense que vai tocar na bola, mas o Taremi é mais rápido e o defesa derruba-o. Isso vai continuar. É importante que as decisões sejam as melhores e, para isso, temos o árbitro e o VAR, um meio auxiliar de excelência que poderá verificar as situações todas. E vamos ver que ele vai sofrer penáltis outra vez. É experiente, muito focado, sempre alheio às críticas e não se vai deixar abalar por isso. Vai continuar a ser um jogador muitíssimo bom", afirmou Carlos Carvalhal, atualmente no comando do Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos.
As grandes penalidades assinaladas sobre Taremi estão, de facto, no centro da polémica. Desde que chegou a Portugal, sinalizaram-se 20 nas competições internas - nove numa época no Rio Ave (2019/20) e 11 em duas épocas e no que já se jogou desta ao serviço do FC Porto.
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Carvalhal, que o detetou no Catar, já lhe via a "capacidade de conseguir penáltis" e resume a questão numa palavra: "inteligência". Mas explica ao detalhe de forma simples. "Tem capacidade de leitura, velocidade e antecipação. Deixa que o adversário meta o pé. Quando o faz, Taremi já vai em velocidade e, na esmagadora maioria das vezes, é penálti. É mais lesto e rápido do que os adversários. Sabe que vai provocar uma falta, mas isso é uma arma que qualquer bom jogador tem", esclarece o treinador, com uma ressalva: "Os 5% em que ele tenta provocar um penálti que não é, é imputado a todos os avançados do mundo. No Rio Ave, chegou a levar amarelos que achei altamente injustificados. Não sendo falta, foi tocado e caiu, não quer dizer que seja simulação."
Assim, Carvalhal crê que as "críticas têm sido exageradas" e, num cenário que "mexe com o caráter dos jogadores", tem uma "visão completamente diferente". "Taremi é boa pessoa e bom profissional. Gosta do jogo, tem paixão e fome de aprender", encerrou.
Quanto a Carlos Queiroz, que por estes dias trabalha com Taremi na seleção, na Áustria, puxa pela resiliência. "O que não mata, engorda. Todos os jovens jogadores que durante anos trabalharam comigo foram treinados e preparados para saberem que tudo o que não nos pode matar engrandece-nos e fortalece-nos. A conclusão deixo com cada um", atirou o treinador, com uma promessa. "No seu devido lugar e tempo terei muito prazer em expressar a minha crença sobre este tema", afirmou o selecionador iraniano.