Produção de Taremi disparou nos últimos dois períodos em que cumpriu um dos pilares do Islão. Zaidu também não abrandou.
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Taremi e Zaidu são os únicos muçulmanos do plantel do FC Porto. Desde o dia 22 - e até 21 de abril - estão a cumprir o Ramadão, o quarto de cinco pilares do Islão, que os obriga a permanecer em jejum desde o nascer até ao pôr do sol, exigindo um maior esforço físico nos treinos [habitualmente realizam-se da parte da manhã] e nos jogos.
Longe de ser uma situação nova no seio dos dragões, o passado recente indica que o Ramadão não afeta o rendimento dos jogadores portistas. Pelo contrário.
Olhando aos números, pode dizer-se que Taremi sacia a fome com golos, enquanto Zaidu não dá sinais de baixar a intensidade neste período. Este ano, aliás, já está a ser assim: o avançado vai regressar da seleção com 180 minutos e um golo na carteira, o lateral também fez dois jogos completos..
Em 2022, Taremi cumpriu todos os seis jogos que o FC Porto realizou durante o nono mês do calendário islâmico, com uma média de 69,5 minutos por partida. Esta época, por exemplo, leva 74". Ou seja, a condição física que apresentou não motivou preocupações de maior. Mais do que isso, o avançado assinou seis golos (um ao V. Guimarães, três ao Portimonense, precisamente o próximo adversários dos dragões e uma das suas vítimas preferidas, e dois ao Vizela) e ainda fez uma assistência na partida com a equipa algarvia. Para se perceber que esta produção não foi fruto do acaso basta recuar mais um ano.
Em 2021, Taremi também atuou em todos os jogos durante o Ramadão, no caso sete, tendo marcado seis golos e oferecido mais três numa média de utilização de 71,5 minutos. Na época de estreia em Portugal, ao serviço do Rio Ave, o campeonato estava parado por causa da pandemia durante esse período. Quanto a Zaidu, esteve em campo 72,8 minutos nos seis jogos da época passada, tendo sido titular em todos. Inclusive, marcou à sua antiga equipa, o Santa Clara. Em 2021, jogou menos - total de 310 minutos - mas por opção de Sérgio Conceição e não por qualquer limitação resultante do jejum.
Clássico vai exigir cuidados especiais
Durante o período do Ramadão, o FC Porto terá quatro compromissos, sendo que os dois últimos, co Santa Clara e Paços de Ferreira, ainda não tem data nem hora definida. A receção ao Portimonense está marcada para as 20h30 do dia 2 de abril, ou seja, já depois do pôr do sol, o que permitirá a Taremi e Zaidu alimentarem-se e hidratarem-se antes do apito inicial, minimizando dessa forma os efeitos do jejum. Frutas mais calóricas como bananas, barras energéticas e bebidas isotónicas são ideais para repor de forma mais eficaz os sais minerais no corpo humano.
Contudo, o clássico com o Benfica, que terá o pontapé de saída às 18 horas - ou seja ainda com a luz dia - obrigará a cuidados especiais, não sendo de estranhar que os jogadores sejam vistos a comer frutos secos ou uma banana em pleno relvado, depois do sol desaparecer. Lidar com esta situação é algo que os responsáveis portistas estão habituados, diga-se. "Temos um departamento médico em que inclui o melhor nutricionista do mundo, o Vítor Hugo", disse há um ano Sérgio Conceição a propósito do tema.
Quando o avançado e o lateral-esquerdo regressarem das seleções nacionais [o que deve acontecer ainda hoje, no caso do lateral] será feita uma palestra com os jogadores para definir todos os passos, assim como eventuais ajustes de horários, como do sono para que tomem a primeira refeição ainda antes do nascer do dia ("sehri"). Estes são aspetos fundamentais para o rendimento e tudo é pensado ao pormenor no Olival entre os diferentes departamentos (nutrição, fisiologia, técnico...) de forma a reduzir o risco de uma lesão. Com menos tempo para ingerir as calorias necessárias, opta-se por alimentos com elevado valor calórico e que não criem uma sensação de saciedade.