Superliga: Sindicato contra a suspensão da participação de jogadores nas seleções nacionais
Comunicado do Sindicato de Jogadores considera Superliga "egoísta e inoportuna", mas critica qualquer ideia de sanção sobre os futebolistas dos 12 clubes fundadores
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Joaquim Evangelista, presidente do do Sindicato dos Jogadores, alerta esta segunda-feira para a injustiça que qualquer medida da UEFA e da FIFA que afete a possibilidade dos jogadores dos clubes fundadores da Superliga representarem as respetivas seleções nacionais: "A suspensão da participação nas seleções nacionais ou mesmo outras limitações à liberdade contratual não devem, por isso, ser consideradas como resposta ao que está a acontecer", pode ler-se numa declaração distribuída hoje.
Recorde-se que Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, deu esta segunda-feira um aviso a propósito da Superliga Europeia. O dirigente máximo do organismo que rege o futebol europeu reprovou por completo a criação da nova prova e deixou uma ideia bem clara: "Todos os jogadores que participem nessa competição não poderão representar a seleção. Todas as confederações estão de acordo com isso", referiu Ceferin, referindo-se a Mundiais e Europeus.
Ora, no entender do Sindicato de Jogadores, à imagem do que defende a FiFpro, os futebolistas desses 12 clubes "não foram envolvidos no processo de decisão e estão, independentemente do seu estatuto, vinculados ao dever de obediência e cumprimento dos seus contratos, sendo por isso inaceitável que recaiam sobre eles as sanções previstas."
Sobre a ideia da criação de uma Superliga, Joaquim Evangelista considera estarmos perante uma decisão "egoísta e inoportuna, por traduzir um projeto de cartelização pelos gigantes do futebol europeu que, seguindo os interesses dos seus investidores/donos, projetam uma nova competição como forma de aumentar exponencialmente os lucros. Num momento de necessária unidade e reforço dos mecanismos de solidariedade para debelar o impacto tremendo desta pandemia, surge uma decisão em perfeito contraciclo", refere.
COMUNICADO NA ÍNTEGRA
"Presidente do Sindicato dos Jogadores contra possíveis sanções a jogadores e perda de direitos.
O Sindicato dos Jogadores subscreve a posição tomada esta segunda-feira pela FIFPro - World Players" Union, bem como as manifestações de diversas organizações desportivas e representantes da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu contra os objetivos de uma Superliga Europeia.
Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores e membro do Board da Divisão Europa da FIFPro, considera esta decisão "egoísta e inoportuna, por traduzir um projeto de cartelização pelos gigantes do futebol europeu que, seguindo os interesses dos seus investidores/donos, projetam uma nova competição como forma de aumentar exponencialmente os lucros. Num momento de necessária unidade e reforço dos mecanismos de solidariedade para debelar o impacto tremendo desta pandemia, surge uma decisão em perfeito contraciclo.
Os clubes envolvidos demonstraram um completo desrespeito pela lógica de solidariedade na distribuição de receitas e pela promoção do futebol como instrumento de desenvolvimento social.
É, por isso, impossível entender que a Superliga Europeia seja uma solução benéfica para os jogadores como coletivo profissional, colocando potencialmente em causa oportunidades de emprego e profissionalização por toda a Europa, com a desvalorização dos clubes e ligas nacionais.
No que respeita aos jogadores, a FIFPro e o Sindicato dos Jogadores, no plano interno, assumem a posição de representar a classe dos futebolistas como um todo, quer os que ficam prejudicados pela quebra de receitas nos seus clubes e Ligas, quer os que, sendo trabalhadores dos clubes que agora decidiram juntar-se a uma nova competição, não foram envolvidos no processo de decisão e estão, independentemente do seu estatuto, vinculados ao dever de obediência e cumprimento dos seus contratos, sendo por isso inaceitável que recaiam sobre eles as sanções previstas.
A suspensão da participação nas seleções nacionais ou mesmo outras limitações à liberdade contratual não devem, por isso, ser consideradas como resposta ao que está a acontecer. A FIFPro irá, por isso, fazer a defesa da classe como um todo, ouvindo e dando voz aos jogadores abrangidos pelos dois lados desta história".