Sete jornadas sem perder valem o segundo lugar na Série C ao Peniche, com quatro pontos de avanço para o terceiro. O projeto “está a dar frutos”, defende o presidente Paulo Ferreira
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Falar de Peniche é porventura associar logo o nome da cidade ao turismo, à praia, ao mar e à pesca. Mas, por esta altura, o futebol também está nas bocas dos penichenses. Isto porque o Grupo Desportivo de Peniche está a dar cartas na Série C do Campeonato de Portugal, prova em que não perde há sete jogos, com cinco vitórias pelo meio. Percurso que garante o segundo lugar da classificação, com vantagem de quatro pontos para o Arronches e Benfica, que é terceiro. O feito ganha destaque se lembrarmos que, na temporada passada, os homens do Oeste acabaram na sétima posição, com 37 pontos em 26 partidas (agora levam 30 em 15 jornadas), e ficaram cinco pontos acima da zona de despromoção.
Paulo Ferreira, presidente desde 2020, partilhando a gestão desportiva com a profissão de bancário, realça que a prioridade do clube é a permanência. “Quanto mais cedo a atingirmos, melhor para nós, para não andarmos com esse sufoco”, afirma a O JOGO, explicando a boa campanha com o projeto implementado no Peniche. “Temos feito um esforço muito grande na organização interna e na forma como o gerimos o clube. Somos amadores, mas tentamos adaptar metodologias de profissionais. O nosso treinador Tiago Vicente já fez mais de 100 jogos pela equipa. Já desceu, já subiu e, se calhar, agora estamos a colher os frutos deste percurso que temos feito”, sustenta.
Definindo o Peniche como clube “sem fins lucrativos”, Paulo Ferreira dá conta de “muita contenção orçamental”. “Daqui a nada estamos a pensar na próxima época. Temos como principais fontes de receita um posto de combustível, do qual recebemos uma importância anual, patrocinadores, as quotizações dos sócios e as mensalidades da formação, que fazemos questão que sejam baixas quando comparadas com a de outros clubes. Temos, igualmente, o apoio da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia”, enumera.
Historicamente ligada à pesca, a comunidade continua a manter laços de proximidade com o desporto. “Há pessoas que passam dificuldades, mas cada vez temos mais associados. Há um conjunto deles, ligados à pesca, que contribuem através do volume pescado. É um valor que vem da Doca Pesca e assim os nossos sócios marítimos, bem como os reformados marítimos, não pagam quotas porque já pagam muito mais que um sócio por via da pesca”, explica.
O desempenho dentro de campo faz a Direção pensar em desafios que possam surgir e uma eventual subida de divisão, à Liga 3, exigiria ponderação. “Só podemos ir até onde o orçamento nos deixar. O Peniche é dos associados e queremos manter esta saúde financeira. Temos estado a pensar como seria se subíssemos. Não valeria a pena subir e ficar com condições financeiras desfavoráveis. Porém, como tenho dito, essa seria a melhor dor de cabeça que me poderiam dar”, comenta o dirigente penichense.
Direção assumiu funções durante a pandemia e o clube cresceu
A Direção liderada por Paulo Ferreira assumiu os destinos do Grupo Desportivo de Peniche em 2020, aquando da pandemia da covid-19, que paralisou a prática desportiva mas que fez o clube encarar a situação “de forma positiva”. “O país parou, mas fizemos uma série de coisas muito positivas. Fomos dos poucos clubes no país que conseguiu crescer no número de atletas”, conta com orgulho. “Na altura, gastámos alguns milhares de euros em testagem para que conseguíssemos reativar a prática desportiva dentro das limitações impostas pela Direção-Geral da Saúde”, recorda o dirigente do clube que no próximo dia 30 comemora o 84.º aniversário.