Central neerlandês tem mazelas musculares e está em risco para o início de época. Amorim pede continuidade do uruguaio; Apesar das propostas tentadoras da Arábia Saudita, a intenção do técnico do Sporting é prender o capitão, de modo a que Diomande possa ser o dono provisório do lado direito do eixo.
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St. Juste voltou a parar devido a lesão e esta reincidência só reforça o desejo do treinador de não abrir mão de Sebástian Coates, que tem propostas milionárias da Arábia Saudita para dar outro rumo à sua carreira. A fragilidade física demonstrada por St. Juste ao longo do seu percurso de leão ao peito explica os receios de Amorim e a determinação do técnico em impedir que Coates se deixe seduzir pelo Oriente.
Contratado por 9,5 milhões de euros ao Mainz, em 2022, St. Juste está lesionado e tem o arranque da preparação para 2023/24 comprometido. Um pouco à imagem do que aconteceu em 2022/23, quando uma entorse no tornozelo direito limitou o princípio de aventura nos leões, o neerlandês estará fora dos primeiros dias de trabalho. O central de 26 anos apresenta mazelas musculares, que resultam de um problema numa coxa, contraído contra a Juventus, em Turim. Seguiu um plano de recuperação nas férias e voltou a exercitar-se em São Cristóvão e Neves. No entanto, sofreu agora uma recaída, que põe em causa o seu arranque na nova época. A indicação da equipa médica é no sentido de parar qualquer atividade demasiado exigente, de modo a evitar a ausência prolongada nesta fase da pré-temporada.
O jogador somou cinco lesões em 2022/23, falhou 19 jogos e há uma notória preocupação com o estado físico e psicológico de St. Juste, o que também fez com que Amorim priorizasse a chegada de Diomande em janeiro, precavendo os percalços do neerlandês.
Esta nova paragem fortalece o pedido de Amorim à SAD para não ceder em relação a Coates, que tem contrato por mais uma época e uma cláusula de rescisão de 45 milhões de euros. O treinador, aliás, também manifestou esse desejo ao próprio jogador.
Apesar das propostas da Arábia Saudita -Al Nassr, Al Hilal e Al Ittihad -, que lhe permitiriam triplicar o vencimento líquido, o jogador sabe da vontade de Amorim e está sensível a isso. O cenário de continuidade do capitão, que está no Sporting desde 2016, é deveras importante para o técnico leonino para permitir que Diomande cresça no entendimento do jogo e no posicionamento tático no eixo defensivo como líbero, mas também para que o costa-marfinense agarre, como em 2022/23, a posição de St. Juste enquanto este recupera sem pressões.
Para já, Diomande, que terminou a titular a última época, parte na frente e concorre com Gonçalo Inácio e Neto pela vaga, sendo que Inácio deverá manter a primeira posição na esquerda do trio de centrais.
Neto, por sua vez, vai renovar por uma temporada com os leões. O anúncio do prolongamento até 2024 será feito em julho, fora do período suposto - o jogador acabou ontem contrato -, porém está acertado há muito entre SAD e jogador. Era um pedido expresso de Amorim, porque o treinador confia que o jogador de 35 anos terá a forma ideal para ser alternativa válida.
3 QUESTÕES A RICARDO PORÉM*
Antigo membro do departamento de Psicologia do Sporting*
1 - As lesões musculares podem ter origem psicológica?
-Há um impacto claro das questões psicológicas nas lesões musculares porque a ansiedade faz com que os músculos fiquem mais tensos porque estão sob pressão. Em certos movimentos mecânicos, é normal que o músculo contraia rapidamente, logo as lesões musculares andam associadas ao stress. Por isso é que certos atletas, quando estão prestes a ser transferidos, não jogam por precaução. Porque sentem essa tensão acumulada. No caso de St. Juste, pela vontade de recomeçar a treinar, pode gerar-se maior stress e potenciar as recaídas.
2 - Face à sucessão de lesões, é mais provável que St. Juste acuse problemas físicos ou questões mentais?
-Parece-me que pode ser mais uma fraqueza muscular do que psicológica. Porque tem a ver com uma questão de frequência. Atuava jogo sim, jogo não, na fase final da última época. Tinha vários jogos seguidos, ganhou continuidade, mas ia sendo gerido. E mesmo assim teve lesões. As lesões dele acontecem mais numa altura final dos jogos, em que os piques foram elevados. Sendo um atleta explosivo, isso pode significar que ele tem uma limitação física crónica.
3 - Sairá abalado de nova paragem forçada?
-Afeta a autoconfiança, porque coloca expectativas e sente que não se vai lesionar e acaba por se lesionar. Começa a acreditar que vai ter outra época má, que é um ritual e que vai passar por novo calvário. São crenças e pode, consciente ou inconscientemente, ter medo de se lesionar. É fundamental o departamento clínico perceber a resiliência do atleta.