O Sporting garante que na próxima temporada lutará pela conquista do 23º título de campeão e não pela 19ª vitória na mais importante prova de clubes em Portugal
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"Ao contrário do que até aqui erradamente se considerou, Clube conquistou até hoje 22 títulos de Campeão Nacional", é assim que o Sporting inicia o texto publicado no site do clube e que reclama mais quatro títulos de campeão do que os 18 que lhe são oficialmente atribuídos.
A explicação vem a seguir. "Entre 1921 e 1938 disputou-se o Campeonato de Portugal, num formato de eliminatórias. [...] Nesses campeonatos de Portugal, o Sporting conquistou o título por quatro vezes (1922/23; 1933/34; 1935/36; 1937/38), o FC Porto outros quatro (1921/22; 1924/25; 1931/32; 1936/37), e o Benfica três (1929/30; 1930/31; 1934/35). O Belenenses ganhou três, e Carcavelinhos, Marítimo e Olhanense arrecadaram um cada um."
TEXTO NA ÍNTEGRA
"O Sporting Clube de Portugal quer conquistar o 23.º título de campeão nacional na próxima época. Ao contrário de outros que somam números de títulos saltando explicações, forjam datas de fundação e revelam um problema patológico com os factos, o nosso Clube prefere, através dos seus canais próprios, expôr a verdade dos títulos, apoiada pelo histórico oficial de vitórias nas várias competições.
Passamos a explicar. Nos anos 20 e 30 existiram 17 campeonatos que, hoje em dia, pura e simplesmente são esquecidos e substituídos pela inclusão de 4 ligas experimentais. Entre 1921 e 1938 disputou-se o Campeonato de Portugal, num formato de eliminatórias. Esta competição decorreu a par dos Campeonatos Regionais (de Lisboa, do Porto, entre outro), que serviam de apuramento. Nesses campeonatos de Portugal, o Sporting conquistou o título por quatro vezes (1922/23; 1933/34; 1935/36; 1937/38), o FC Porto outros quatro (1921/22; 1924/25; 1931/32; 1936/37), e o Benfica três (1929/30; 1930/31; 1934/35). O Belenenses ganhou três, e Carcavelinhos, Marítimo e Olhanense arrecadaram um cada um.
Em 1934/35, contudo, foi criado um campeonato experimental, no regime de todos contra todos. Era o Campeonato da Liga e teve e uma curta existência - somente quatro épocas. Em 1938/39 decidiu-se também o fim do Campeonato de Portugal, além de o Campeonato da Liga, e deu-se início ao Campeonato da I Divisão, em regime de todos contra todos e reconhecido oficialmente. Nesse ano, foi também criada a Taça de Portugal. Foi somente aqui que ficaram definidos os moldes que ainda hoje se verificam: o Campeão Nacional passou a decidir-se através do campeonato, servindo a Taça de competição complementar.
Nos quatro anos em que coincidiu com o Campeonato da Liga (ou liga experimental), o Campeonato de Portugal foi sempre o que fechou a época: era o mais importante e o mais aguardado. O vencedor do Campeonato da Liga (disputado entre Janeiro e Abril/Maio) era o Campeão da Liga, ao passo que o vencedor do Campeonato de Portugal (entre Maio e Julho), como o próprio nome indica, era o Campeão de Portugal.
Contra toda a lógica, actualmente são as ligas experimentais (Campeonatos da Liga) que contam como campeonatos oficiais - e não o Campeonato de Portugal, como sempre ocorreu entre 1921 e 1938. Em quatro temporadas de Campeonato da Liga, o Benfica conquistou três títulos da liga e o FC Porto um. São estes quatro anos que geram toda a controvérsia.
Hoje em dia a versão oficial apresenta a competição experimental como a precursora da Primeira Liga, remetendo o Campeonato de Portugal para a posição de "antepassado" da Taça de Portugal. No entanto, é evidente que, entre 1921 e 1938, o objectivo do Campeonato de Portugal era apurar o Campeão Nacional e não o simples vencedor de uma "taça" sem qualquer propósito. Se o Campeonato de Lisboa estabelecia qual a melhor equipa da capital, o Campeonato de Portugal fazia essa distinção ao nível do país inteiro. As pessoas queriam saber quem era a melhor equipa nacional e o Campeonato de Portugal, ano após ano, dava-lhes essa resposta. A competição experimental serviu para constatar se seria ou não viável a criação de um campeonato em regime de todos contra todos a nível nacional. Quatro anos chegaram para perceber que sim, tendo depois surgido a actual liga. Mas a validade dos campeonatos disputados entre 1921 e 1938 é inquestionável. A História não pode ser apagada.
Mudar as regras do jogo vários anos depois e com efeitos retroactivos, tal como se fez a partir de 1938 relativamente ao Campeonato de Portugal é tão errado quanto grave."