Santa Clara foi a primeira equipa a roubar pontos aos leões na atual edição do campeonato
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O Sporting interrompeu no sábado uma série invicta de 29 jogos caseiros para a I Liga, ao perder com o Santa Canta (0-1), falhando a inédita oportunidade de começar uma edição com 12 vitórias consecutivas.
Um golo do brasileiro Vinícius (33 minutos) ditou o primeiro triunfo dos açorianos à nona visita ao Estádio José Alvalade, em Lisboa, onde o campeão nacional e líder isolado já ganhava há 22 rondas seguidas, cinco das quais em 2024/25, após um pleno de 17 vitórias na época anterior.
Depois do terceiro encontro sob orientação do treinador João Pereira, e primeiro na I Liga, o Sporting continua na frente, com 33 pontos, mas pode ver os rivais FC Porto, segundo classificado, com 27 (menos uma partida), e Benfica, terceiro, com 25 (menos duas) a aproximarem-se.
Os leões já não perdiam em casa na prova desde 12 de fevereiro de 2023, quando foram derrotados pelo FC Porto (1-2) na 20.ª jornada da edição 2022/23, logrando desde então 27 vitórias, intercaladas por dois empates naquela época com Arouca (1-1) e Benfica (2-2), da 28.ª e 33.ª e penúltima rondas, em 16 de abril e 21 de maio do mesmo ano, respetivamente.
Juntando jogos em casa e fora, a última derrota do Sporting para a I Liga tinha acontecido há praticamente um ano, em 9 de dezembro de 2023, na visita ao Vitória de Guimarães (2-3), da 13.ª jornada, seguindo-se uma série recorde de 30 êxitos e duas igualdades, pontuados pelo título de 2023/24.
Na globalidade das competições, o conjunto de João Pereira sofreu a terceira derrota da temporada ao 21.º encontro e perdeu pela segunda vez em quatro dias, após ser goleado pelos ingleses do Arsenal (1-5) na quinta ronda da fase de liga da Liga dos Campeões.
Essa sequência já não se verificava desde a transição de outubro para novembro de 2022, quando um deslize caseiro perante os alemães do Eintracht Frankfurt (1-2) na fase de grupos da principal competição europeia de clubes foi precedido pelo desaire na I Liga em Arouca (0-1).
Numa noite em que desfizeram um ciclo de 53 partidas a marcar no escalão principal, o Sporting não conseguiu suplantar o recorde de 11 vitórias nas primeiras 11 jornadas, que tinha sido originalmente alcançado em 1990/91, sob comando do brasileiro Marinho Peres.
Os leões igualaram essa marca 34 anos depois, em 10 de novembro, ao baterem fora o terreno do Braga (4-2), no adeus do treinador Rúben Amorim, que rumou aos ingleses do Manchester United ao fim de 164 vitórias, 34 empates e 33 derrotas em 231 jogos, com 510 golos marcados, 199 sofridos e cinco títulos, incluindo dois campeonatos.
Os minhotos chegaram ao intervalo a vencer por 2-0, com um bis de Ricardo Horta (20 e 45 minutos), mas o japonês Hidemasa Morita (58') e os dinamarqueses Morten Hjulmand (81') e Conrad Harder (89' e 90'+4') deram a volta e cimentaram a então liderança invicta verde e branca.
Em 1990/91, os leões também cederam apenas à 12.ª jornada, quando empataram 2-2 no reduto do Chaves, com Filgueira (53 minutos) e Gilberto (71') a ripostarem na segunda parte aos tentos lisboetas de Oceano (25') e Fernando Gomes (28').
O recorde do Sporting ficou, assim, em 11 triunfos, o último dos quais em casa face ao Braga (3-0), em 11 de novembro de 1990, com dois golos de Gomes e um de Oceano.
Depois dessa época - em que o Sporting não conseguiu manter o ritmo inicial e acabou no terceiro lugar (24 vitórias, oito empates e seis derrotas, em 38 jogos) -, nenhum clube tinha chegado às 11 vitórias a abrir a prova, até ao início da quinta época de Ruben Amorim em Alvalade.
Nas primeiras 11 jornadas de 2024/25, o conjunto leonino marcou 39 golos e sofreu cinco, números influenciados pelos 16 remates certeiros do sueco Viktor Gyokeres e largamente acima dos de 1990/91, com 28 anotados (11 por Gomes) - e quatro permitidos.
Além de ter replicado o melhor registo da sua história, o Sporting igualou também o segundo melhor do Benfica, que, em 1982/83, começou igualmente a prova com 11 vitórias.
Sob o comando do sueco Sven-Göran Eriksson, os encarnados só perderam os primeiros pontos à 12.ª ronda, com um empate a um golo no pelado do Alcobaça, que chegou ao golo aos 88 minutos, por Nelito, anulando o tento de Nené, aos 40.
Melhor do que o Benfica de 1982/83 e o Sporting de 1990/91 e de 2024/25, só o FC Porto de 1939/40, que, liderado pelo húngaro Mihály Siska, começou com 13 vitórias, e o insuperável Benfica de 1972/73, vencedor dos primeiros 23 encontros, com o inglês Jimmy Hagan ao ‘leme’.
Em 1939/40, o Sporting impediu o pleno de triunfos dos dragões, que ganharam o campeonato com 17 vitórias e uma derrota, sofrida no Campo do Lumiar, por 4-3, em 21 de abril de 1940, em embate da 14.ª jornada.
Quanto ao Benfica de 1972/73, conseguiu o impensável, pois garantiu o título à 23.ª jornada, de 30, depois de um triunfo caseiro por 3-0 face ao Vitória de Setúbal, em 11 de março de 1973, com dois golos de Artur Jorge e um de Eusébio.
À 24.ª ronda, os encarnados, já campeões, estiveram a vencer o FC Porto por 1-0 e 2-1, nas Antas, com tentos de Nené e Eusébio, mas, aos 86 minutos, Flávio apontou o 2-2 final, que acabou com o melhor arranque de sempre de uma equipa no campeonato português.