Avançado tinha o estatuto de intocável, mas o cenário alterou-se e se surgir uma boa proposta pode sair
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Chermiti perdeu estatuto na preparação do Sporting para 2023/24 e, apesar de Rúben Amorim pretender o jogador no plantel, até para potenciar a sua evolução de acordo com a ideia de jogo trabalhada, a SAD não exclui a possibilidade de saída. Sabe O JOGO que, dada a margem de progressão, o dianteiro poderá render um encaixe financeiro importante, de pelo menos 20 milhões de euros, e que não é tido como um jogador crucial.
A permanência do jogador como terceira opção do ataque pode prejudicar a sua afirmação. O empréstimo é outra solução equacionada. Betinho e Saleiro falam a O JOGO do peso de vir da formação.
Claro que a decisão depende também da contratação do tão desejado avançado, quer pela Direção quer por Rúben Amorim. A entrada de um ponta-de-lança de nível superior, como é a vontade das partes, deixaria Chermiti na posição de terceiro avançado, atrás de Paulinho e do reforço em questão, e isso poderia travar o desenvolvimento do jogador. Estando a equipa B na Liga 3, não será a plataforma competitiva mais aconselhável à evolução do jovem açoriano, que despontou em 2022/23 na equipa principal e que assumiu a titularidade quando Paulinho se lesionou.
A SAD conversará com os representantes do jogador de 19 anos para afinar a melhor estratégia de desenvolvimento e um empréstimo no estrangeiro é um cenário também em cima da mesa. O JOGO sabe que a vontade de Amorim é ter o jogador em Alcochete e potenciá-lo. Daí ter vetado a ida do atleta ao Europeu sub-19, tal como fez com Essugo, Mateus Fernandes e os jovens João Muniz e Afonso Moreira, que vão fazer a pré-época.
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Este possível plano de saída é, porém, uma perda de estatuto para o jovem e isso também se deve à vontade da SAD de valorizar os ativos, tal como fez com Renato Veiga e Tiago Tomás, que rumaram à Bundesliga.
Em grande forma quando surgiu na equipa A, Chermiti deu a vitória em Vila do Conde e marcou ao FC Porto. No entanto, ficou depois 16 jogos sem festejar. Terminou bem o ano com o golo ao Paços de Ferreira, mas já como suplente de Paulinho. O peso de vir da formação como grande talento sentiu-se, dizem Betinho e Carlos Saleiro, que o sabem de experiência própria.
"Olhando ao que aconteceu comigo, é complicado gerir a cabeça de um miúdo. Falando do meu caso, tinha o sonho de chegar à equipa principal, queria jogar e afirmar-me. Na cabeça do Chermiti passar-se-á o mesmo. Saber que há a remota hipótese de o poderem vender torna tudo complicado para o jogador. Pode dar a volta por cima e ter força para mostrar que merece estar na equipa, mas pode acontecer o mesmo que eu vivi, que comecei a duvidar das minhas qualidades. Parece-me que se o clube lhe diz que o quer vender, está a dar uma mensagem clara de que não conta com ele", diz a O JOGO Betinho, que fez quatro jogos na equipa principal do Sporting em 2012/13, nunca mais reavendo tal oportunidade.
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"Não é uma situação fácil para ele. Havia uma grande esperança. A expectativa era alta e com mais uma pré-época estaria mais bem preparado. Entendo a estrutura do Sporting, que quer rentabilizar o jogador. A posição de avançado exige paciência. É preciso errar. Entrou a todo o gás, sentiu que era a oportunidade de uma vida e estava ciente de que tinha de agradar à Direção e aos adeptos. Depois, baixou de rendimento, não diria por relaxamento, talvez por ter passado o ímpeto inicial. No entanto, é injusto esperar que seja ele a resolver os problemas todos. Não pode ser a primeira opção de ataque do Sporting", afirma Carlos Saleiro, que andou entre empréstimos até fazer duas épocas pelo Sporting: 2009/10 e 2010/11 (7 golos em 69 jogos).
Saleiro é solícito a dar um exemplo do que viu. "Nos primeiros momentos na equipa principal não existe pressão por ser um atleta da formação. Antes pelo contrário. Mas depois parece que estamos num jogo. Os adeptos estão ali a jogar Football Manager e querem reforços para várias posições, esperam que cheguem estrangeiros. Depois, os que batalharam ficam para trás."
Empréstimo é solução mais compreendida
Os nossos entrevistados são unânimes a considerar que uma cedência, para se desenvolver e somar minutos, seria mais benéfica do que uma venda. "Precisa de reforçar a confiança nas suas capacidades e jogar. Era bom ter uma equipa com características de jogo ofensivas, dominadoras, como o Sporting, para se ambientar. Ser terceira ou quarta opção no Sporting não o ajudará. Não pode é sair contrariado. Tem de ser conversado com o jogador", comenta Betinho, que teve uma lesão grave e tem o futuro incerto no Sp. Espinho. "Se for emprestado pode vir muito mais forte. Tem margem para trabalhar. Vendê-lo por um valor baixo não ajudaria ninguém", concorda Saleiro.
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