O número 10 do Portimonense é o jogador do momento. Dois golos e duas assistências na vitória dos algarvios frente ao Sporting, no domingo, vincaram as expectativas sobre um futebolista que, não sendo um típico 10, assume a pele de dinamizador nos processos contemporâneos de jogo. É tímido e sorridente quando se passeia no Algarve. Não fala nenhuma língua a não ser o japonês. Mas debita literatura universal em campo.
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Shoya Nakajima não é um número 10 à antiga, mas veste bem o mítico número quando se fala em processos contemporâneos de jogo. O tipo de futebolista que nos enche os olhos - não os deixa só em bico - com o futebol que carrega nos pés. O internacional japonês tem já com quatro golos na I Liga, dois deles marcados ao Sporting, no domingo, noite em que ofereceu outros dois aos colegas (vitória do Portimonense por 4-2). Hoje perfaz os mais de 11 mil quilómetros entre o Algarve e Tóquio para se juntar à seleção do seu país.
É uma das grandes promessas do futebol do "sol nascente". Chegou a terras lusas diretamente do FC Tóquio, clube do meio da tabela da liga japonesa, para defender as cores do Portimonense. É a sua segunda época entre os algarvios, esta ao serviço de António Folha, que está a abençoar-se, nesta sua estreia como treinador de "primeira", com esta espécie de jasmim oriental, delicado no toque de bola e letal nos objetivos.
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Tem 24 anos e na noite de domingo deixou os portugueses adeptos de futebol de olhos arregalados com a espantosa exibição. Em Portimão, garante a O JOGO quem com ele trabalha, apesar de muito caseiro, é figura que espalha simpatia, sorrisos e uma ou duas palavras em português quando se passeia em Portimão ou nas cercanias algarvias. Apenas o suficiente para agradecer o que ele próprio deve imaginar como sendo palavras de incentivo, pois a única língua que fala é a nipónica.
Para compromissos pessoais ou para compreender as instruções do técnico, Nakajima conta com um tradutor ao seu serviço. Talvez por isso não lhe sejam conhecidos "bitaites" nos jornais, rádios ou televisões, mas hoje é, sem qualquer dúvida, um dos jogadores de quem se fala. Aliás, se excluirmos os protagonistas do FC Porto, Benfica e Sporting, é provavelmente aquele de quem mais se fala.
Atacante ou médio ofensivo (com posicionamentos estratégicos e táticos com diverso posicionamento no terreno), é dos que faz jogar uma equipa com o objetivo da permanência na I Liga. No defeso foi apontado, pelo menos, a dois dos grandes: FC Porto e Sporting. O que nos permite dizer que há mesmo quem acredite que faça jogar conjuntos com objetivos mais ambiciosos.
Nakajima soma quatro golos em sete jogos e tem apenas menos um tento que o líder dos goleadores da I Liga, o bracarense Dyego Sousa
Para já, e no que diz respeito a números, comecemos pelos dependentes de subjetividades da apreciação jornalística, folheando ou digitando os vários media desportivos, foi unanimemente considerado o homem do jogo. Sucedem-se os elogios no mundo digital, entre comentadores encartados e os bloguers.
Um resultado e uma exibição que, com a paragem do campeonato por duas semanas, permite ao conjunto de António Folha sentir uma sensação de alívio bem maior do que a de aperto à entrada da jornada sete, quando o Portimonense era antepenúltimo, com quatro pontos, tendo subido três golos (13.º), com os mesmos sete pontos que o 11.º.
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Shoya Nakajima soma quatro golos em sete jogos e tem apenas menos um tento que o líder dos goleadores da I Liga, o bracarense Dyego Sousa. É verdade que ainda estamos nos alvores do campeonato. Em 2017-18 marcou 10 golos. Este ano, além de ser o goleador de serviço da equipa, soma também três assistências.
Os números são o que são. E, se não houver imponderáveis absurdos, a pequena nota estatística aqui deixada faz aumentar as expectativas sobre o internacional japonês, que nasceu em Hachioji, cidade na província de Tóquio, com mais de meio milhão de habitantes.
Shoya Nakajima rumou hoje de manhã ao seu país-natal, onde encontrará os colegas da Seleção e com eles cumprirá dois compromissos frente ao Panamá e ao Uruguai.