"Sérgio é um dos três melhores treinadores do mundo. E se o primeiro e o segundo não se "puserem a pau"..."
Joaquim Teixeira foi um dos primeiros treinadores de Conceição, no Leça, onde se iniciou uma ligação especial. Evolução, crê, coloca Sérgio na elite. O homem que conduziu os leceiros à I Liga, em 1994/95, não escapa à emoção quando recorda o técnico do FC Porto. Aquele "feitio" está lá, mas a "obstinação" pela vitória também. E dá resultado.
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O dia era emotivo, pelas piores razões, mas o tema seria sempre comovente para Joaquim Teixeira. Um dos primeiros treinadores da carreira de Sérgio Conceição recordou os tempos no Leça com um sorriso tão fácil como a lágrima, num dia que ficou marcado pelo desaparecimento de Fernando Gomes. O técnico venceu a II Liga pelos leceiros em 1994/95 numa equipa que tinha o jovem Conceição, emprestado pelo FC Porto. Joaquim conhece-o bem, à boleia de uma amizade que perdura e que ainda haveria de passar pelos azuis e brancos.
"Sérgio Conceição... arrepio-me. É um ser humano fabuloso. Perdeu os pais muito cedo e foi como um filho para mim", contou Joaquim Teixeira a O JOGO, no âmbito da homenagem àquela equipa do Leça onde Conceição conquistou o primeiro título da carreira, aos 20 anos. "Foram todos escolhidos à pinça, a equipa foi feita com os jogadores que eu quis trazer. O Sérgio Conceição deu-nos muitas vitórias", recordou o treinador de 73 anos, que como adjunto de António Oliveira voltaria a cruzar-se com Sérgio no FC Porto, em 1996/97.
Num salto para a atualidade, e depois de Conceição ter conquistado oito títulos enquanto treinador, todos pelos dragões, Joaquim Teixeira não hesita em colocá-lo entre a elite. "Para mim está entre os três melhores treinadores do mundo. E se o primeiro e o segundo não se "puserem a pau", vai mesmo para o primeiro lugar, que ele é assim [risos]. Obstinado e com uma fé...", atirou Teixeira, que também teve passagens pela Argélia, Roménia e Angola.
"Acredita naquilo que faz no dia-a-dia e altera isto ou aquilo porque tem a noção de que as coisas vão correr bem. Olhamos para o jogo e é diferente se for com ele ou sem ele. São particularidades, a maneira de ser, o relacionamento humano, tem de haver uma relação muito forte entre ele e os jogadores. Algumas pessoas dizem que ele trabalha muito, pois, e ganha muito também. Isso é que é importante", sustentou Joaquim Teixeira, consciente de que o técnico do FC Porto "tem o feitio que toda a gente sabe, só gosta de ganhar", mas que faz parte de uma forma de ser à qual também não faltam atributos.
"Para mim, ele está sempre bem, quer aquilo que a equipa e toda a gente quer. Que lhe posso dizer? Sem dúvida que contagia o grupo", frisou Joaquim Teixeira, que enalteceu o homem por trás do treinador. "A maior riqueza dele é o ser humano que é. Ajuda muita gente, principalmente pessoas fragilizadas. É um homem fabuloso", fechou.
O conselho a António Oliveira que Sérgio mostrou ser acertado
A temporada no Leça, em 1994/95, foi a segunda de Sérgio Conceição como sénior, que na época seguinte foi novamente cedido, no caso ao Felgueiras. Em 1996/97, o extremo fixou-se por fim no FC Porto e com o dedo de Joaquim Teixeira, que também rumou às Antas, nesse caso para o cargo de adjunto de António Oliveira.
"Na altura de escolher os jogadores, disse-lhe "se lhe deres uma oportunidade ele nunca mais a larga". E assim foi. Mas se ele não tivesse potencial, eu não podia fazer nada", recordou Teixeira, que imaginava Sérgio com a capacidade de, ao fim e ao cabo, "prolongar a carreira do João Pinto". "Disse ao Oliveira que o Sérgio, mesmo a lateral direito, ia fazer os jogos todos", contou. Nessa época, Conceição fez 38 jogos, dois golos e nove assistências.