"Já vimos jogadores a serem dados como certos em determinados clubes e depois..."
<em><strong>ENTREVISTA, PARTE II - </strong></em>O golo com o FC Porto, na final da Taça da Liga, foi o 16.º da época, no melhor registo individual na carreira do extremo Ricardo Horta. Pelos vistos, o jeito vem de longe...
Corpo do artigo
O tema não é novo: tendo em conta o número elevado de portugueses que costuma apresentar no onze inicial, será que o Braga não deveria emprestar jogadores à Seleção Nacional? Ricardo Horta já lá esteve, com Paulo Bento, mas ainda não foi chamado por Fernando Santos, apesar de estar a viver o melhor momento da carreira.
Perante os bons números que tem apresentado consecutivamente ao longo das últimas épocas, consegue perceber os motivos para ainda não ter sido chamado por Fernando Santos à Seleção Nacional?
-Não vou mudar a minha forma de pensar: faço o meu trabalho no Braga, sempre da melhor forma, sabendo que Portugal tem muitos jogadores com uma grande capacidade. Depois, cabe ao míster decidir, até porque se não for eu vai certamente outro jogador com muita qualidade. Essa é a vantagem de termos, hoje em dia, boas escolas de formação espalhadas por todo o país, que se reflete depois no nível elevado das nossas seleções.
"A verdade é que já desde criança que tenho este faro pelo golo..."
Já bateu o recorde de golos da carreira numa só época (16). E agora, qual é o seu objetivo? Chegar aos 20?
-Vivo muito o trabalho diário, o treino, e a tentativa de evoluir a cada dia que passa. Os golos estão a aparecer, mas não penso muito nisso, nem em recordes.
Mas sempre marcou muitos golos durante toda a carreira... Está quase a chegar aos 50 só pelo Braga.
-A verdade é que já desde criança que tenho este faro pelo golo... Todos sabemos como é difícil fazer golos quando se joga a um nível tão elevado, mas também não sou o único a marcá-los no Braga, o Paulinho também tem feito muitos.
E quem vai marcar mais nesta época: Ricardo Horta ou Paulinho? Neste momento, só estão separados por um golo...
-Ainda não fizemos nenhuma aposta... Temos um grande ambiente no plantel e a competitividade que existe é sempre tranquila e muito saudável. O importante é a equipa continuar a ganhar, até porque temos um jogo difícil já na próxima quarta-feira, frente ao Moreirense. Queremos continuar a subir posições no campeonato.
"E agora? Agora não sei..."
Rúben Amorim tem falado sobre a inevitabilidade de perder jogadores no final da época e Ricardo Horta é, obviamente, um dos principais focos do mercado - o Newcastle foi o último clube a demonstrar interesse. O extremo reconheceu que já cumpriu o grande objetivo que tinha no Braga, conquistar um título, e deixou a possibilidade de sair em aberto.
O que mudou em tão pouco tempo? A equipa parecia triste em campo há umas semanas...
-A única coisa que mudou foi mesmo o sistema. É verdade que antes estávamos a ter muitos altos e baixos, mas os jogadores que estão a jogar são praticamente os mesmos, a qualidade é a mesma... Em poucas palavras, é isso. Tivemos jogos em que não conseguimos demonstrar essa qualidade com o anterior treinador, mas agora, com o míster Rúben, está a vir ao de cima a grande valia do nosso plantel. E a prova está na conquista da Taça da Liga, ainda que acredite que há muitas coisas boas a chegar.
"Já vimos jogadores a serem dados como certos em determinados clubes e depois, no final, acabam por não ir a lado"
Jogadores sentem-se mais confortáveis com este esquema tático?
-A verdade é que tem algumas parecenças com o sistema do míster Abel, com quem trabalhámos durante dois anos, pelo que já adquirimos algumas movimentações que são muito semelhantes. Mas, independentemente do sistema tático, trabalhamos todos em prol do mesmo e com o objetivo de conquistar vitórias como estas que acrescentam troféus à história do clube. Estamos no bom caminho.
Está há quatro épocas no clube. E agora, o que ainda lhe falta fazer no Braga?
-Agora não sei... Um dos meus objetivos era este, conquistar pelo menos um título pelo Braga. Já consegui e agora vamos ver o que acontece no futuro.
Mas existe a possibilidade de sair? Tem-se falado do interesse de alguns clubes... Tem esse desejo de regressar ao estrangeiro?
-Neste momento penso apenas em ajudar o Braga e em trabalhar todos os dias para evoluir. Penso muito no dia a dia e não tanto no que vai acontecer mais lá para a frente. Sabemos que no futebol tudo pode mudar muito rapidamente. Já vimos jogadores a serem dados como certos em determinados clubes e depois, no final, acabam por não ir a lado nenhum. Por isso, vivo muito o trabalho diário, sempre com o objetivo de evoluir todos os dias sem pensar muito no futuro a médio/longo prazo.
Não perca a primeira parte da entrevista a Ricardo Horta:
11752991