Rui Pinto recorda Joana Marques Vidal: "Dessas três procuradoras, duas perseguem quem faz as denúncias"
O denunciante recorda que as denúncias que fez através do Football Leaks não levaram à abertura de qualquer investigação em Portugal
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O Twitter de Rui Pinto, denunciante do Football Leaks detido em Portugal desde março, voltou esta quarta-feira a a fazer uma publicação, esta recordando o que mudou desde o dia em que a ex-Procuradora Geral da República, Joana Marques Vidal, "criou uma equipa constituída por três procuradores com o objetivo inicial de investigar factos passíveis de integrar crimes praticados no âmbito da atividade de competição desportiva de futebol".
No curto texto, Rui Pinto refere o que, no seu entender, mudou desde essa decisão de Joana Marques Vidal. "Hoje em dia, dessas três procuradoras, apenas Ana Catalão investiga na plenitude esse tipo de crimes", pode ler-se. O pirata informático conta que "Patrícia Barão e Vera Camacho encontram-se a investigar e perseguir quem faz as denúncias".
"Dos 12 inquéritos, nas mãos dessa equipa, [...] a esmagadora maioria encontra-se completamente estagnada. Os poucos que funcionam a todo o gás dizem respeito à perseguição e criminalização dos denunciantes", refere ainda antes de concluir. "É notório que as motivações que levaram à constituição dessa equipa foram a dada altura completamente desvirtuadas".
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Depois de, nos últimos dias, ter falado sobre o caso Tancos e de ter revelado que teve em sua posse provas de um desvio de 600 milhões de euros no BES, Rui Pinto voltou a recorrer às redes sociais, desta feita para falar da operação Lava Jato, sobre a qual alega ter detetado ligações a Portugal.
"Ao longo das minhas análises documentais detetei algumas conexões entre factos apurados no processo Lava Jato e Portugal, por exemplo no caso ODEBRECHT. Elementos desconhecidos das autoridades e que podem abrir novas frentes de investigação", pode ler-se no Twitter do denunciante do Football Leaks, referindo que se tratam de dados que o Ministério Público "não quer investigar":
"O Ministério Público Português não quer investigar, isso é um facto. Resta-me oferecer a minha colaboração diretamente às autoridades brasileiras", remata a publicação.
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Rui Pinto e o BES
Na sexta-feira, Rui Pinto já havia recorrido ao Twitter para criticar a ação do Ministério Público no caso BES. O denunciante do Football Leaks, detido em prisão preventiva em Lisboa desde março, fez uma publicação relacionada com o caso do Banco Espírito Santo. "O Ministério Público preferiu ignorar todas essas provas esclarecedoras, e que poderiam ajudar a fazer justiça. Não há qualquer dúvida que o nosso país foi capturado por interesses criminosos a vários níveis", disse depois de revelar ter provas de um desvio na ordem de 600 milhões de euros.
"Ao ver essa reportagem [manifestação de lesados do BES em Paris] só conseguia pensar num inquérito relacionado com o BES, e que se encontra estagnado desde 2015, onde um arguido está a ser investigado por um desvio de 80 milhões de euros. Mas, infelizmente a realidade é ainda mais sombria, o desvio concreto ultrapassou os 600 milhões", revela.
O pirata informático explica que que logrou "compilar diversa documentação, incluindo extratos bancários, que demonstram, entre outros, a criação de empresas meramente instrumentais, depósitos fictícios, e transferências bancárias para offshores como as Ilhas Virgens Britânicas e as Seychelles".
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Rui Pinto e o caso Tancos: "É o mesmo Ministério Público que se recusa a investigar as minhas denúncias"
Recorde-se que Rui Pinto recorreu ao Twitter na quinta-feira para voltar a falar sobre a sua detenção dando o exemplo do caso Tancos. O denunciante português diz que algo de "muito grave se passa no Ministério Público".
"O despacho secreto relativo ao caso Tancos demonstra, mais uma vez, que algo de muito grave se passa no Ministério Público. Não é normal que, num estado de direito, superiores hierárquicos condicionem a fluidez de um inquérito e prejudiquem a investigação apenas para não incomodar certas personalidades. Este é o mesmo Ministério Público que se recusa a investigar as minhas denúncias, e que usa todos os meios legais e ilegais para me manter numa medida de coação excessiva e desproporcional", publicou Rui Pinto.
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