Rui Pinto colocado "numa batalha judicial interminável", acusa a equipa de defesa
Comunicado depois de o criador do Football Leaks ter sido acusado de mais 377 crimes relacionados com pirataria informática.
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A equipa de defesa de Rui Pinto emitiu esta segunda-feira um comunicado, depois de o Ministério Público (MP) ter acusado o criador do Football Leaks de mais 377 crimes relacionados com pirataria informática.
"A presente acusação insere-se na estratégia do Ministério Público de eternizar o percurso judicial de Rui Pinto, uma vez que estão em causa factos alegadamente ocorridos entre 2016 e 2019 e que, por opção da Sra. Procuradora da República, não foram incluídos no processo cujo julgamento já foi realizado e cuja leitura do acórdão se encontra marcada PAra o próximo dia 13", pode ler-se.
"Este entendimento perverso de que os factos de um processo podem ir sendo sucessivamente divididos e prolongados em novos processos, não visa a realização da justiça, mas antes, colocar Rui Pinto numa batalha judicial interminável", lamentam Francisco Teixeira da Mota e os seus colegas.
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Segundo o despacho de acusação, avançado pela Sábado, estão em causa 202 crimes de acesso ilegítimo, 134 de violação de correspondência, 23 de violação de correspondência agravado e 18 de dano agravado, num total de 377 crimes imputados a Rui Pinto.
"O arguido Rui Pinto atuou da forma descrita supra, querendo com tais atuações aceder de forma sub-reptícia e não autorizada aos sistemas informáticos de várias entidades, como a Sport Lisboa e Benfica, Autoridade Tributária e Aduaneira, Vieira de Almeida Sociedade de Advogados, Liga Portugal, IGFEJ, CCSM, e servidores de correio eletrónico da Altice e IURD, quer ligadas ao futebol, quer ligadas à justiça, quer ligadas a prestações de serviço à sociedade em geral, com vista a explorar tais sistemas e daí retirar informação", lê-se.
A acusação, assinada pela procuradora Vera Camacho, indica que Rui Pinto sabia que lhe era vedado o acesso a tais dados, atuando "com intenção de se introduzir indevidamente nos sistemas informáticos", o que fez através da captura de credenciais de utilizadores daquelas entidades, conseguindo "retirar toda a informação que ali estivesse de seu interesse".
Sobre o acesso aos emails do Benfica, após elencar as caixas de correio eletrónico de dirigentes que foram visadas, o MP refere que Rui Pinto decidiu em abril de 2017 partilhar a informação com o diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, além de ter passado a publicar em dezembro desse ano no blogue Mercado de Benfica.
Segundo o despacho, "no período compreendido entre o dia 4 de abril de 2017, pelas 14h47 e o dia 12 de julho de 2017, dirigiu mensagens de correio eletrónico" para dois emails "utilizados por Francisco José Marques, com conteúdo obtido através dessa exfiltração".
Contudo, a investigação a Rui Pinto vai além desta acusação, com o MP a dar conta da extração de certidão para outro inquérito sobre alegados acessos ao sistema informático e emails de FC Porto, Nacional, Tondela, Câmara de Cascais e ao seu presidente, Carlos Carreiras, a empresa Promovalor - do ex-presidente do Benfica Luís Filipe Vieira - e outros escritórios de advogados.
A acusação realça ainda os indícios de acesso informático a clubes e instituições estrangeiras, como Atlético de Madrid, Monaco, VilLarreal, Shakhtar Donetsk, Barcelona, Manchester City, Real Madrid, Inter Milão, Juventus, Ajax, FIFA, UEFA, Landscape, Sable, Grupo Fosun, King and Wood Mallesons, LIAN Sports & Partners, Rui-Huerta & Crespo Abogados. Por isso, considerando que "a dispersão a nível mundial de entidades afetadas é de tal ordem vasta", o MP decretou a transmissão da informação recolhida através da Eurojust.
A acusação neste novo processo surge antes de Rui Pinto conhecer a decisão do julgamento do processo Football Leaks, no próximo dia 13, no qual responde por 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada.
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