Técnico tem a oportunidade de fazer história no primeiro jogo europeu ao comando do Braga. E, no final, até terá tratamento VIP...
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É praticamente garantido que Rúben Amorim, esta quinta-feira estreante ao comando do Braga em competições europeias, será convidado a brindar no final do jogo com o Rangers, referente à primeira mão dos 16 avos de final da Liga Europa.
Em caso de vitória, semelhante momento transformar-se-á numa comemoração com requinte, pois o Braga nunca venceu na Escócia (foi derrotado pelo Hearts por 3-1, em 2004/05, e pelo Celtic por 1-2, em 2010/11), nem nenhuma outra equipa portuguesa conseguiu bater, até agora, os "protestantes" de Glasgow no seu recinto.
A confraternização terá lugar no gabinete de Steven Gerrard e não se trata de uma inovação implementada pelo antigo internacional inglês, antes de uma tradição: sempre que o Rangers atua no Ibrox Stadium, é da praxe que o treinador da casa convide o seu homólogo para um momento de confraternização no gabinete da equipa técnica, saboreado com vinho.
Por não possuir o IV nível de treinador, Amorim não é reconhecido pela UEFA como treinador principal dos bracarenses e, a exemplo do que acontece em Portugal, as suas ações serão limitadas no banco durante o jogo e até no final (já ontem a antevisão do jogo foi da responsabilidade do adjunto Micael Sequeira), mas será a ele que Gerrard deverá dirigir-se com referência. "Mesmo que não seja considerado pela UEFA como treinador principal, o Rúben marcará presença de certeza nesse brinde, porque esse convite é endereçado a todos os membros da equipa técnica do clube visitante", explicou Pedro Caixinha, garantindo que nunca deixou de cumprir a tradição enquanto foi treinador do Rangers, entre 2016 e 2018. Antes, jogadores e treinadores bracarenses terão a oportunidade de contemplar as paredes dos corredores que dão acesso aos balneários, luxuosamente forradas a tábuas de madeira (é também assim o balneário do Rangers), outrora pertencentes ao histórico navio Queen Mary e oferecidas pela coroa britânica ao clube escocês.
"Não estão fortes como em dezembro, mas os adeptos vão torcer do princípio ao fim, o que também pode motivar o Braga"
Em campo, o ambiente será "apaixonante". "Quando as equipas entram em campo, ouve-se no estádio a música "Simply the best", da Tina Turner. Só isso é revelador do sentimento daquela comunidade e como são encarados todos os jogos no Ibrox. Será um Rangers a entrar muito forte no jogo", estimou Caixinha, embora dando conta de um relativo abaixamento de forma da formação escocesa. "Começaram o campeonato muito bem e aproximaram-se do Celtic. Depois de uma miniparagem no campeonato, baixaram. Não estão fortes como em dezembro, mas os adeptos vão torcer do princípio ao fim, o que também pode motivar o Braga", juntou. Segundo o treinador português, o Braga deve aproveitar "a exposição" do lateral James Tavernier no corredor direito ("sobe muito no terreno") e até o seu esquema (3x4x3) poderá "desequilibrar o Rangers (joga em 4x3x3)". "Será interessante perceber como vão tentar pressionar o Braga, que sai a construir com três defesas, mais dois. Por outro lado, o Braga também dá muita largura ao jogo pelo Esgaio e Sequeira. A meio-campo, o Braga irá apresentar quatro unidades e o Rangers apenas três. Será um duelo interessante", referiu.
Rangers à parte, Pedro Caixinha acredita que o Braga está no ponto e em perfeitas condições de somar o 14.º jogo europeu sem derrotas. "Só têm de continuar a fazer o que têm feito: assumir o jogo. Cerca de 80 por cento dos golos do Braga até acontecem nos primeiros 10 minutos", apontou.