Menino de 17 anos viveu jogo para recordar, decisivo entre tantas estrelas. Pés bem assentes na terra e licença para voltar a voar; Roger foi dos jovens mais falados na Europa quando colecionou 11 jogos com Carvalhal, tinha só 15 anos. Demorou mais a aparecer com Artur Jorge, mas agrafou contra o Rio Ave um jogo que fica para a vida.
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Verdadeiro raio de sol nos últimos minutos, Roger saiu aclamado da Pedreira como nunca, oferecendo reviravolta de cortar a respiração frente ao Rio Ave, no sábado, com assistências para Banza e Abel Ruiz. Incendiou de amores a plateia, mas já conquistara fama com registos de sucesso precoce em chamadas de Carvalhal, tinha apenas 15 anos.
Com Artur Jorge, viu doseado o ímpeto de jogador da primeira equipa, mas não quebrado o sonho e com participações constantes na equipa B foi atestando a sua evolução sem teto. Jogando e maravilhando. Já havia sido chamado em dois jogos do Braga esta época, mas estava longe de ser o recurso imaginado para dar a volta à comprometedora desvantagem que perdurava com o Rio Ave. O menino de Bafatá, que atuava descalço em campos de terra batida na Guiné e, agora, vê e namora, de perto, os palcos da Champions, foi mimado nas redes sociais pelos colegas e envolvido pela distinção de homem de jogo. Mostrou humildade a digerir exibição desconcertante. "Tenho pressa é de me levantar de manhã para vir aprender com eles. Sinto-me feliz é por isso, por me levantar para ver e aprender com o Moutinho, com o Fonte ", disse.
Roger é ainda um menino guiado por sonhos, ajoelhou-se ao aperceber-se que o cruzamento para Abel Ruiz redundara na vitória bracarense, absorvendo do encontro o maior impacto já tido nesta inesgotável aventura dos sentidos.
A pré-época, onde revelara indicadores de crescimento nas escolhas de Artur Jorge relativamente a 2022/23, depois de privilegiado um ganho de rodagem de jogos a nível mais baixo, já lhe trouxera um grande presente, que foi o jogo contra a Roma de Mourinho. Não por se cruzar com o técnico, mas sim Dybala, o ídolo de infância com que encheu de rabiscos as paredes do seu quarto. Sorriu numa foto com o argentino e, agora, a expressão de felicidade foi maior pela influência direta numa vitória que era mera miragem.
Não foi Bruma, nem Djaló, ou tantas outras vedetas que abundam em Braga. Foi mesmo Roger a mudar o encontro com cruzamentos de alguém doutorado em assistências. Jogo marcante para o menino guineense, chamado de "golden boy", tratado de irreverência e acutilância em campo, que nunca duvida do seu valor, nem se esconde perante o peso dos adversários diretos. Pode dizer-se que o destino encantado de Roger frente ao Rio Ave começou em Berlim, já que fez uma exibição incrível na Youth League, marcando um golo e abrindo o apetite a Artur Jorge. "Tem uma mentalidade de aço, não quebra, joga pela A, B, sub-19 e sub-23. E sempre com alto rendimento. Não está ao alcance de todos", salienta Eusébio Mango, tio e empresário do extremo.
"Ele só pensa e sonha em jogar"
Roger é chamado de Furacão de Leste por Eusébio Mango, empresário e tio, pai do ex-sportinguista Joelson. "É um predestinado com um talento impressionante e tem tido a sorte de estar numa grande estrutura, que lhe dá todo o apoio e carinho. Preocupam-se em todos os sentidos. Já existiram tubarões que acenaram com propostas, mas o dinheiro não é tudo na vida. Não há dinheiro que pague este crescimento sustentado. De Carvalhal a Custódio e também com Artur Jorge. Depois do jogo estava feliz, mas sereno. Só sonha em jogar..."
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